No fim de um dia de violentas manifestações, fechamento da Assembleia Nacional e anúncio de envio das Forças Armadas às ruas, o ex-presidente Evo Morales informou na noite da segunda-feira (11), pelo Twitter, que deixa a Bolívia “rumo ao México”.
O líder que renunciou à Presidência no domingo (10), pressionado por intensas manifestações e pelas Forças Armadas, disse que “dói abandonar o país por razões políticas”. Ele prometeu voltar com “mais força e energia”.
A aeronave fez uma escala em Assunção, no Paraguai, para reabastecimento. O avião pousou à 1h35, na hora local (a mesma de Brasília), e decolou às 5h. Há a possibilidade de uma escala em Lima, no Peru, antes da chegada ao destino final.
O presidente paraguaio Mario Abdo Benítez também ofereceu asilo a Evo, mas o ex-presidente boliviano preferiu ir para o México.
O avião, modelo Gulfstream G550, da Força Aérea Méxicana, leva Evo, seu filho e o ex-vice presidente Álvaro Garcia Linera.
O governo mexicano concedeu asilo a Evo na segunda-feira, de acordo com o chanceler do país, Marcelo Ebrard, que disse considerar que a “vida e a integridade” do ex-presidente boliviano correm perigo.
Minutos antes da publicação de Evo, o comandante das Forças Armadas da Bolívia, Williams Kaliman, havia anunciado na TV que enviaria tropas às ruas para realizar “operações armadas em conjunto [com a polícia] contra grupos de vândalos”.
A decisão foi uma resposta ao pedido de intervenção militar feito pela polícia para conter uma reação violenta dos apoiadores de Evo contra os opositores Carlos Mesa e Luís Fernando Camacho e contra o Congresso Nacional.
Mais cedo, o comandante da polícia, Yuri Calderón, nomeado pela gestão Evo, também havia renunciado. Por ora, a polícia está sendo comandada por uma junta interina.
Nos protestos da segunda, centenas de moradores de El Alto desceram em direção a La Paz, correndo pelas vias tortuosas que ligam as duas cidades, para chegar à sede do governo boliviano. Eram apoiadores de Evo, que gritavam: “Agora sim, guerra civil”.
Armados com pedaços de paus, tocando vuvuzelas e soltando rojões, eles repetiam: “Camacho, Mesa, queremos sua cabeça”.
Nesta terça-feira, a Organização dos Estados Americanos (OEA) deve fazer uma reunião de emergência para discutir a crise na Bolívia.
A sessão extraordinária foi convocada a pedido de Brasil, Canadá, Colômbia, EUA, Guatemala, Peru, República Dominicana e Venezuela.