Em uma dura reportagem sobre os bastidores da presidência da República, a revista IstoÉ afirma ter descoberto uma “uma assombrosa malha de práticas criminosas que já levaram no Brasil, legal e legitimamente, à abertura de processos de impeachment do mais alto mandatário da Nação”.
Assinada pelo jornalista Germano Oliveira, matéria também aponta a “manutenção de uma poderosa rede de milicianos digitais operados diretamente pelo Planalto, promíscuo fato que joga na marginalidade a República brasileira, transformando-a em republiqueta de fundo de quintal”. “Ou, melhor: fazendo da República uma associação criminosa de milicianos”, diz o texto.
A “quadrilha digital”, termo usado na reportagem, seria chefiada por Dudu Guimarães, assessor parlamentar do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL). De acordo com o texto, “Dudu é o responsável pelo falso perfil Snapnaro, e há outros perfis, igualmente falsos, comandados pelos Bolsonaros - como Bolsofeios, Bolsonéas e Pavão Misterioso”.
O grupo é coordenado pelo vereador Carlos Bolsonaro (PSC) e pelo assessor internacional da Presidência do Brasil, Filipe Martins. Também é formado por três funcionários públicos que operam na criação de notícias favoráveis ao atual ocupante do Planalto, mas também produzem fake news e dossiês contra desafetos, estejam eles dentro ou fora do governo. São eles: Tércio Arnaud Tomaz, José Mateus Salles Gomes e Mateus Matos.
A revista informa que Eduardo Bolsonaro (PSL) usou dinheiro público para a sua lua de mel. A advogada Karina Kufa, contratada pelo PSL a pedido do congressista, teria sido a responsável por acertar os detalhes da viagem. O filho de Jair Bolsonaro, Eduardo se casou com Heloísa Wolf no dia 25 de maio, no Rio de Janeiro - RJ, com as despesas pagas por amigos, mas faltava comprar as passagens para as Ilhas Maldivas. Karina teria ligado para Antônio Rueda, vice-presidente nacional do PSL, pedindo dinheiro do fundo partidário.
Segundo a revista, Rueda, próximo ao deputado Luciano Bivar, presidente nacional da legenda, liberou o dinheiro e chegou a confidenciar. “Não aguento mais essa mulher me telefonando para pedir dinheiro para o Eduardo”.
“As mesmas fontes, checadas com dois deputados do PSL ligados a Rueda, confirmaram a informação já citada acima de que até carro blindado de Eduardo é pago com o erário”, diz a reportagem.
A matéria aponta, ainda, as recentes brigas internas do PSL envolvendo o presidente nacional da sigla, Luciano Bivar, envolvido num esquema de candidaturas laranjas. Bolsonaro também foi flagrado pedindo a aliados que tirassem o Delegado Waldir da liderança do PSL na Câmara. Joice Hasselmann (PSL) também deixou a liderança do governo por ter apoiado a permanência de Waldir no cargo. O delegado foi favorável à criação das CPIs da Lava Toga e Fake News.
Até mesmo Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PSL), gravou um áudio divulgado por grupos de WhatsApp, no qual indica que continua influente na divisão de empregos públicos, com direito à “rachadinhas”. “Tem mais de 500 cargos lá, cara, na Câmara, no Senado… Pode indicar para qualquer comissão, alguma coisa, sem vincular a eles (família Bolsonaro) em nada. Vinte continho pra gente caía bem pra c…”, afirma.
“Pô, cara, o gabinete do Flávio faz fila de deputados pra conversar com ele. Faz fila. É só chegar, meu irmão: nomeia fulano aí, para trabalhar contigo. Salariozinho bom desse aí, cara, pra gente que é pai de família, p…, cai como uma uva”, continua.
Queiroz desviou mais de R$ 1,2 milhão dos funcionários do gabinete de Flávio quando ele era deputado estadual no Rio de Janeiro.