02/02/2023 às 02h43min - Atualizada em 02/02/2023 às 02h43min

Joênia Wapichana é a primeira indígena a presidir a Funai em 56 anos

A ex-deputada federal e advogada terá como desafio a reconstrução do órgão, descaracterizado sob gestão Bolsonaro.

Redação
Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados – Joênia Wapichana em uma das última sessões deliberativas da Câmara, no dia 20 de dezembro
A advogada e ex-deputada federal Joênia Wapichana foi nomeada nesta quarta-feira (1º) como a nova presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). A nomeação foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) e é assinada pelo ministro da Casa Civil Rui Costa.
 
Aos 49 anos, ela é a primeira mulher indígena a frente do comando do órgão. A advogada assume o órgão em meio à crise humanitária Yanomami, após encerrar o mandato como deputada federal. Ela aceitou o convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para assumir o cargo em dezembro do ano passado.
 
Antes de ser nomeada ao cargo, em entrevista à Rede Amazônica ela disse que uma das prioridades da gestão é retirar os garimpeiros da Terra Yanomami e garantir a segurança dos indígenas que vivem no território.
 
Maior reserva indígena do Brasil em extensão territorial, a TI Yanomami está no centro das discussões políticas e de saúde nacional em razão da grave crise sanitária, com registros de casos de malária e desnutrição severa em adultos, principalmente, entre crianças. O problema é causado pelo avanço do garimpo ilegal, que, em um ano, aumentou 54% no território.
 
Além disso, na ocasião ela disse que vai trabalhar para que os processos de demarcação e fiscalização das terras indígenas do país sejam retomados “dentro de um plano de trabalho”, além de inibir o avanço de invasores nos territórios.
 
A Fundação agora compõe o inédito Ministério dos Povos Indígenas, pasta comandada pela ministra Sônia Guajajara. Antes da nomeação oficial, a Funai foi retomada em ato simbólico em que lideranças indígenas de todo o país retomaram a sede do órgão em Brasília – DF.
 
Em Roraima, durante uma visita a sede da Funai no estado, Joênia Wapichana, falou sobre o que chamou de “renovação geral” ao prometer que iria retirar todos os bolsonaristas que ocupam cargos na instituição.
 
Primeira presidente indígena da Funai
A nova presidente tem um trajetória política e profissional marcada pelo pioneirismo: foi a primeira mulher indígena advogada do Brasil, primeira indígena eleita na história na Câmara dos Deputados, e primeira advogada indígena da história a se pronunciar no plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) durante a homologação que definiu os limites contínuos da Reserva Raposa Serra do Sol.
 
Ela foi eleita como deputada federal em 2018 com 8.491 votos, mas, não se reelegeu. Nas eleições de 2022, ela totalizou 11.221 votos, mas não alcançou a vaga devido ao quociente eleitoral.
 
Em novembro do ano passado, ela foi anunciada como integrante da equipe de transição, junto ao líder yanomami Davi Kopenawa. Ambos foram convidados a montar o Ministério dos Povos Originários, uma das promessas feitas por Lula durante a campanha presidencial.
 
Na gestão de Lula, a Funai deixou o Ministério da Justiça e Segurança Pública e passa a compor a estrutura do inédito Ministério dos Povos Indígenas. Nesta Fundação passou a ser denominada Fundação Nacional dos Povos Indígenas – antes era Fundação Nacional do Índio. A mudança foi feita por meio da Medida Provisória Nº 1.154.
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