08/12/2019 às 14h55min - Atualizada em 08/12/2019 às 14h55min

“Bolsonaro não é o capitão do navio, mas o iceberg pronto para afundá-lo”, diz Sakamoto

“Ele defende os ricos (que estão “sufocados” neste país, segundo ele) mais do que os pobres. Tanto que as cinco áreas em que o governo teve pior avaliação são aquelas que atingem exatamente os que mais precisam do Estado para garantir um mínimo de dignidade”, diz o jornalista Leonardo Sakamoto sobre os dados da pesquisa Datafolha.

Para o jornalista Leonardo Sakamoto, “o bolsonarismo tirou do armário a negação do conhecimento, a criminalização da ciência e a sacralização da burrice” e “quando a burrice encontra pesquisas de opinião, como a do Datafolha, deste domingo (8), o resultado é uma explosão de ignorância nas redes sociais”.

“O problema não é discordar dos dados, mas sugerir até a censura de sua divulgação, pois não refletem seu desejo pessoal”, diz Sakamoto em sua coluna no Portal UOL deste domingo.

O jornalista ressalta que, segundo a pesquisa, “Bolsonaro segue estagnado na faixa dos 30% de aprovação, de acordo com o instituto, enquanto a reprovação está em 36% - números que variaram dentro da margem de erro em relação ao último levantamento em agosto. Mas para uma parcela ruidosa de seus seguidores, que acham que sua bolha representa o universo, Bolsonaro deveria estar marcando algo entre 60% e 70% de aprovação”.

“Aprenderam com o mestre, claro. Governantes costumam valorizar dados estatísticos para auxiliar em seu trabalho. Menos este. Bolsonaro já afirmou que a metodologia de cálculo de desemprego do IBGE estava errada porque não concordava com ela”, relembra. “A mesma pesquisa Datafolha afirma que 80% da população desconfia do que vem da boca de Bolsonaro - 43% diz que nunca confia no que o presidente fala e 37% acha que suas declarações só merecem credibilidade às vezes. Do total, 19% diz acreditar sempre em Bolsonaro. São esses 19% que lutam com unhas e dentes para mostrar que a economia já está uma maravilha”, afirma Sakamoto.

“Que uma parcela considerável de empresários e da classe mais alta ache que as coisas vão indo bem, como aponta a pesquisa, também faz parte. Ele defende os ricos (que estão “sufocados” neste país, segundo ele) mais do que os pobres. Tanto que as cinco áreas em que o governo teve pior avaliação são aquelas que atingem exatamente os que mais precisam do Estado para garantir um mínimo de dignidade: combate à fome e à miséria (14% de ótimo e bom), saúde (15%), combate ao desemprego (16%), educação (21%) e habitação (22%)”, destaca.

“Por isso, prefiro enxergar Bolsonaro não como o capitão de um navio. Ele é o próprio iceberg, pronto para afundá-lo”, afirma.


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