18/08/2021 às 21h50min - Atualizada em 18/08/2021 às 21h50min

Senador bolsonarista da CPI fez lobby e intermediou produção da Covaxin por empresas de saúde animal

A ideia de Heinze era converter a produção de vacina para febre aftosa em vacina para Covid-19, um empreendimento que pareceu improvável, desde o início, até mesmo para as pessoas ligadas à Precisa.

O senador Luis Carlos Heinze (PP), aliado de Jair Bolsonaro (Sem Partido), fez lobby para inclusão de empresas do setor veterinário na produção de vacinas contra a Covid-19 e atuou como intermediário de negócios que incluíram a Precisa Medicamentos. A informação foi divulgada pelo jornal Folha de S. Paulo.

Há suspeitas de fraude e corrupção na assinatura de contrato entre a Precisa e o Ministério da Saúde para o fornecimento de 20 milhões de doses da vacina Covaxin. O contrato para a compra da Covaxin totalizou R$ 1,6 bilhão e foi firmado entre o Ministério da Saúde e a empresa, que representava o laboratório indiano Bharat Biotech no Brasil, durante a gestão do ex-ministro Eduardo Pazuello.

O Senado aprovou uma lei que permitiu a atuação de indústrias de vacinas veterinárias no ramo de imunizantes para a covid-19. Um dos representantes do bolsonarismo na CPI da Covid no Senado, Heinze prospectou possibilidades de atuação da Precisa em parceria com grandes indústrias do setor animal para produção da vacina.

A empresa representava a Bharat Biotech no Brasil e já tinha assegurado, desde 25 de fevereiro, o contrato bilionário com o Ministério da Saúde.

Segundo apuração da Folha, a Precisa assinou três acordos de confidencialidade para tentar viabilizar a produção de vacina para covid-19 em plantas industriais de produtos animais. Os acordos teriam sido assinados com a Boehringer Ingelhein Brasil, com a Ourofino Saúde Animal e com a Ceva Saúde Animal.

A ideia de Heinze era converter a produção de vacina para febre aftosa em vacina para Covid-19, um empreendimento que pareceu improvável, desde o início, até mesmo para as pessoas ligadas à Precisa.

O celular de Emanuela Medrades, diretora da Precisa Mecidamentos, recebeu quatro chamadas do senador Luis Carlos Heinze, em 18 de abril, para falar sobre o assunto.

O lobby de Heinze também ocorreu na diplomacia brasileira, conforme revelado por documentos obtidos pela CPI da Covid. O embaixador brasileiro em Nova Deli (Índia), André Aranha Corrêa do Lago, afirmou que o parlamentar o abordou sobre o assunto, como consta em ofício do Ministério das Relações Exteriores enviado à CPI.

Lago disse que Heinze lhe comunicou que três empresas brasileiras de saúde animal estariam em tratativas com a Bharat Biotech (que produz a Covaxin) para adaptar suas plantas à produção de vacinas contra o coronavírus. De acordo com o documento, as empresas citadas pelo embaixador são as mesmas dos supostos acordos de confidencialidade com a Precisa: Boehringer, Ourofino e Ceva.


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