18/10/2019 às 20h41min - Atualizada em 18/10/2019 às 20h41min

Alckmin é “lançado” candidato a governador e cria saia-justa a Doria

Tucanos próximos a Doria consideraram o lançamento da candidatura de Alckmin um constrangimento, que cria divisões no partido.

Depois de terminar em quarto lugar a corrida presidencial do ano passado, com cerca de 5% dos votos, o pior resultado de um candidato do PSDB, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou que ia “voltar para a Planície” e se dedicar a dar aulas.

Na noite da última quarta-feira (16), no entanto, Alckmin foi aclamado por um grupo de prefeitos e vereadores tucanos como candidato ao Governo de São Paulo em 2022. O tucano já governou o Estado por mais de 12 anos (2001 a 2006 e 2011 a 2018).

O governador João Doria (PSDB), atual ocupante do Palácio dos Bandeirantes, seria o candidato natural à reeleição pelo partido se não estivesse planejando voos maiores - o tucano almeja a Presidência da República em 2022.

Doria foi criticado no mesmo jantar em que Alckmin foi informalmente lançado ao Governo de São Paulo. “Ele foi governador de gente humilde, não é engravatado que quer tirar vantagem do governo”, discursou Pedro Tobias, ex-deputado estadual e ex-presidente do PSDB em São Paulo. “Nós que precisamos dele. O Estado de São Paulo precisa dele. Prefeito precisa dele. Vocês, prefeitos, conseguiram alguma fotografia com João Doria? Nenhuma. Foi à cidade de vocês? Não. Vamos trabalhar e já, pra não deixar alguém ocupar espaço”, completou Tobias.

Tobias foi efusivamente aplaudido ao dizer que estava lançando Alckmin a governador de São Paulo. “Viva, Geraldo”, gritaram alguns prefeitos. A fala ocorreu durante um jantar com prefeitos e vereadores do PSDB, em Campos do Jordão - SP, após participação de Alckmin no 63º Congresso de Municípios Paulistas.

Questionado sobre a disposição de Alckmin em disputar mais uma eleição, ele respondeu: “Ele topa. Ele diz que está cedo, mas adorou a ideia”.

Tucanos próximos a Doria consideraram o lançamento da candidatura de Alckmin um constrangimento, que cria divisões no partido. Afiram ainda ser muito cedo para falar em eleição de 2022 e avaliaram que tal antecipação é prejudicial ao ex-governador.

Embora Alckmin tenha sido o padrinho de Doria e o grande patrocinador de sua candidatura vitoriosa à Prefeitura de São Paulo em 2016, a relação entre eles já não é mais a mesma.

Após se eleger prefeito, Doria passou a articular uma candidatura própria à Presidência da República. Alckmin se impôs e saiu candidato ao Planalto no ano passado, enquanto Doria, após apenas 15 meses na prefeitura, deixou o cargo para disputar o governo do Estado.

Em reunião de líderes tucanos após a eleição de 2018, Alckmin chegou a insinuar que Doria era traidor. Desde então, o grupo de Doria dominou o PSDB, com um aliado dele, o ex-deputado federal Bruno Araújo, substituindo Alckmin no comando da sigla. No diretório de São Paulo, saiu Tobias, crítico de Doria e fiel a Alckmin, e entrou Marcos Vinholi, alinhado ao governador.

Doria, no entanto, ainda enfrenta resistência na sigla. Em julho, ele foi derrotado em votação na executiva nacional. Por 30 votos a 4, o órgão que reúne os líderes do partido rejeitou a abertura de um processo de expulsão de Aécio Neves, que havia sido patrocinado pelo governador de São Paulo.

Mais do que um sinal de apoio a Aécio, a derrota expressiva foi vista como um recado de desaprovação dos deputados federais a Doria.


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