02/01/2024 às 16h23min - Atualizada em 02/01/2024 às 16h23min

Brasil retoma protagonismo internacional e assume importantes frentes de discussão

Acordos comerciais, alterações climáticas, transição energética e crises humanitárias foram os principais assuntos articulados nas agendas externas em 2023.

Redação
Agência Gov
Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República
O ano de 2023 foi marcado pela retomada do protagonismo do Brasil no cenário externo, já que assumiu importantes frentes de discussão e tomadas de decisões internacionais. A voz do povo brasileiro ecoou mundo a fora e a visibilidade voltou a ser realidade. O País assumiu a presidência do G20, do Mercosul e do Conselho de Segurança da ONU. Essa retomada das relações internacionais é uma das medidas articuladas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para alavancar o Brasil.
 
No caso do G20, o grupo que reúne as 19 principais economias do mundo, a União Europeia e, também a União Africana, o Brasil ocupa a presidência temporária com mandato de um ano, que encerra em 30 de novembro de 2024. Essa é a primeira vez que o País ocupa essa posição na história do grupo no formato atual. Ao longo do mandato, o Brasil organizará mais de 100 reuniões de grupos de trabalho e cerca de 20 reuniões ministeriais, culminando com a Cúpula de Chefes de Governo e Estado que será realizada no Rio de Janeiro, entre os dias 18 e 19 de novembro de 2024.
 
“Possivelmente esse será o mais importante evento internacional que nós iremos organizar. A gente vai ter uma reunião histórica no País e espero que possa tratar de assuntos que nós precisamos parar de fugir e tentar resolver. Não é mais humanamente explicável o mundo tão rico, com tanto dinheiro atravessando o Atlântico, e a gente ter tanta gente ainda passando fome”, destacou Lula.
 
Em 4 de julho, durante a 62ª Cúpula de Chefes de estado do bloco sul-americano em Puerto Iguazu, Lula também recebeu do presidente Alberto Fernández, da Argentina a presidência temporária de seis meses do Mercado Comum do Sul (Mercosul). Em seu discurso, Lula defendeu a união entre os países vizinhos como forma de enfrentar os desafios contemporâneos. Já no período de 1º a 31 de outubro de 2023, o Brasil assumiu a Presidência rotativa do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). O País ocupa uma das 10 vagas do Conselho para membros não permanentes, em um mandato que segue até o fim deste ano.
 
Negociações
Ao todo, em 2023, o Brasil participou de 24 agendas internacionais, sendo que Lula fez questão de ir pessoalmente em 15 delas. Em 23 de janeiro, na primeira agenda externa em Buenos Aires, Argentina, Lula debateu temas como o desarmamento nuclear, agricultura familiar, cultura, energia e meio ambiente. Ele participou da Cúpula da Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), bloco o qual o Brasil tinha deixado há dois anos, mas é estratégico e visa a coordenação política, econômica e social dos países.
 
No retorno, em 25 de janeiro, Lula passou pelo Uruguai e se encontrou com o presidente Luis Alberto Lacalle Pou. Além de tratar sobre acordos comerciais, eles conversaram sobre a possibilidade de realizar uma obra na ponte Internacional Barão de Mauá, que liga Jaguarão (RS) e Rio Branco, no Uruguai, visando a um tráfego maior de transporte de cargas.
 
“Eu tenho combinado viagens aqui dentro com viagens para o exterior, porque é importante recuperar a capacidade do mercado interno brasileiro e o Brasil estava alijado da política internacional”, explicou o presidente em junho, ao participar do programa Conversa com o Presidente, transmitido pelo Canal Gov.
 
Em 10 de fevereiro, Lula visitou o presidente norte-americano, Joe Biden, em Washington. No encontro, os dois mandatários trataram de medidas para o combate às mudanças climáticas.  Em abril, o presidente brasileiro foi à China, onde se encontrou com empresários do país asiático e com o presidente Xi Jinping. Ele assinou acordos nas áreas de agronegócio, ciência e tecnologia, comunicação. Brasil e China também indicaram a continuidade da parceria aeroespacial para o monitoramento do desmatamento da Amazônia. Os dois países assinaram, ainda, uma declaração sobre as mudanças climáticas.
 
Na volta da China, passou pelos Emirados Árabes Unidos para se encontrar com o presidente do país, Mohammed bin Zayed Al Nahyan para tratar de parcerias especialmente voltadas para o agronegócio. Na quarta viagem, em 22 de abril, Lula foi a Portugal, onde fez reuniões bilaterais e participou da entrega do Prêmio Camões a Chico Buarque. De lá, o presidente brasileiro foi para a Espanha e se encontrou com o rei Felipe 6º e o primeiro-ministro Pedro Sanchéz. Selar o acordo comercial Mercosul-União Europeia e ampliar o comércio bilateral estavam entre os temas da viagem.
 
Já no mês de maio, Lula foi ao Reino Unido assistir à coroação do Rei Charles III e se encontrou com o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak.  Ainda em maio, em Hiroshima, no Japão, Lula participou da reunião do G7, grupo que reúne as maiores economias do mundo. Na volta, passou pela Itália e Vaticano, onde se encontrou com o presidente do país, Sergio Mattarella, a primeira-ministra, Giorgia Milloni, e, depois, com o papa Francisco. Com o pontífice, Lula abordou questões como fome e mudanças climáticas.
 
Em junho, foi a vez de visitar a França. Lula participou de um evento convocado pelo presidente Emmanuel Macron chamado de Novo Pacto Financeiro Global. Já a Argentina recebeu novamente o presidente Lula em julho, quando ocorreu a Cúpula do Mercosul em Puerto Iguazú, que fica na fronteira com o Brasil.  Outra cidade fronteiriça visitada pelo presidente foi Letícia, na Colômbia. No decorrer do mês, Lula também se encontrou com o presidente colombiano, Gustavo Petro, em uma reunião preparatória para a Cúpula da Amazônia, realizada depois em Belém – PA.
 
No sétimo mês do ano, Lula foi à Bélgica para uma cúpula da Celac e da União Europeia. Na volta passou por Cabo Verde, onde se reuniu com o presidente do país africano, José Maria Neves. Em agosto foi a vez de visitar o Paraguai, para a posse do presidente Santiago Peña. No final do mês, ele esteve em três países da África. O primeiro foi a África do Sul, onde houve a Cúpula do Brics, grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Em seguida foi para Angola. Lá, participou de reuniões bilaterais e encontro com empresários brasileiros e angolanos. Em São Tomé e Príncipe, Lula participou da Cúpula de Países de Língua Portuguesa.
 
Em setembro, o presidente brasileiro foi à 18ª Cúpula de chefes de Estado e de Governo do G20, na Índia. Lula se reuniu com Narendra Modi, primeiro-ministro da Índia, quando fizeram um balanço sobre a Cúpula e destacaram os 75 anos de relações diplomáticas entre os dois países, celebrados neste ano.
 
Ainda em setembro, Lula fez o tradicional discurso de abertura da 78ª Assembleia Geral das Nações Unidas, na sede da ONU, em Nova York. No discurso, ele fez um apelo para que o mundo se una em torno de uma proposta baseada em diálogo para a solução dos conflitos armados e crises humanitárias em curso no planeta. “Não haverá sustentabilidade nem prosperidade sem paz. Os conflitos armados são uma afronta à racionalidade humana. Não subestimamos as dificuldades para alcançar a paz. Mas nenhuma solução será duradoura se não for baseada no diálogo”, afirmou.
 
Antes de chegar a Nova York, o presidente Lula esteve em Cuba participando da Cúpula de Chefes de Estado e Governo do G77 + China, em Havana. Ele também se encontrou com o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, em uma reunião bilateral.
 
A última viagem internacional de Lula, feita depois de passar por uma cirurgia para corrigir uma artrose no fêmur, foi para três países.
 
O primeiro foi a Arábia Saudita, onde o presidente teve a oportunidade de uma reunião bilateral de mais de duas horas com o príncipe herdeiro e primeiro-ministro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman. Ministros e empresários dos dois países também tiveram momentos de troca de experiências e de oportunidades de negócios.
 
Em seguida, foi para os Emirados Árabes para cumprir uma agenda repleta de compromissos durante a Conferência das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas, a COP 28. Lula ressaltou o papel do Brasil na questão do clima e destacou a transição energética. “O Brasil é um país que ninguém hoje no planeta pode discutir a questão do clima sem levar em conta a existência do nosso país, sem levar em conta a nossa experiência, e sem levar em conta o que vai acontecer no Brasil nessa questão da transição energética”.
 
O último país visitado foi a Alemanha, onde Lula foi recebido com jantar pelo chanceler Olaf Scholz. Durante a visita de dois dias, Lula e Scholz lideraram a 2ª Reunião de Consultas Intergovernamentais de Alto Nível, com a participação de ministros dos dois países. Um dos objetivos da viagem foi ampliar a aliança na área de transformação ecológica. A Alemanha é o principal parceiro comercial brasileiro na Europa, além de ser uma fonte tradicional de investimento.
 
“Tenho dito aos companheiros da Alemanha que faz muito tempo que a Alemanha não investe na América do Sul e, sobretudo, no Brasil, porque depois da queda do muro de Berlim, a Alemanha se voltou muito para ocupar espaço na Alemanha Oriental”, comentou o presidente.
 
“Como tem dito o presidente Lula, o Brasil voltou. Isso não é mera figura de linguagem. Ao longo deste ano, tivemos mais de 200 interações mantidas pelo presidente da República e por mim mesmo, na forma de participação em cúpulas, reuniões bilaterais, visitas realizadas e recebidas, telefonemas e videoconferências. O Brasil também se reencontrou consigo mesmo, em um movimento de resgate dos princípios fundamentais que sempre nortearam a política externa brasileira”, declarou o chanceler Mauro Vieira, em discurso na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, no dia 13 de dezembro.
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