21/01/2023 às 17h50min - Atualizada em 21/01/2023 às 17h50min

Lula demite comandante do Exército após crise de confiança

General Júlio César de Arruda havia assumido o cargo ainda no governo Bolsonaro. Ele será substituído pelo general Tomás Miguel Ribeiro Paiva, atual comandante militar do Sudeste.

Redação
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) demitiu o comandante do Exército, general Júlio Cesar de Arruda, em meio a uma crise de confiança aberta após os ataques do dia 8 de janeiro, em Brasília – DF. A decisão foi comunicada ao militar neste sábado (21).
 
Arruda estava no comando da Força desde o dia 28 de dezembro, antes da posse de Lula como presidente. Ele havia sido escolhido por critério de antiguidade pelo ministro da Defesa, José Múcio Monteiro.
 
Segundo auxiliares do presidente, a decisão foi tomada porque Arruda não demonstrou disposição de tomar providências imediatas para reduzir as desconfianças de Lula em relação a militares do Exército após a invasão do Palácio do Planalto e das sedes do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso.
 
Depois dos ataques à praça dos Três Poderes, Lula manifestou publicamente sua desconfiança em relação às Forças Armadas, em críticas direcionadas especificamente ao Exército.
 
No dia 12, ele afirmou que “muita gente das Forças Armadas” dentro do Palácio do Planalto foi conivente com a invasão. “Estou convencido de que a porta do Palácio do Planalto foi aberta para essa gente entrar porque não vi a porta de entrada quebrada”, disse.
 
Na sexta-feira (20), o presidente se reuniu com Arruda e os comandantes da Marinha, Marcos Sampaio Olsen, e da Aeronáutica, Marcelo Kanitz Damasceno. O encontro foi articulado por Múcio como uma maneira de reduzir as tensões deste início de governo.
 
A reunião, no entanto, não foi suficiente para “virar a página” na relação, como pretendia o ministro da Defesa. A conversa se concentrou em projetos estratégicos e planos de investimentos das Forças Armadas. Dirigentes da Federação das Indústrias do Estado do de São Paulo foram chamados por Lula para participar do encontro.
 
Nos dias que antecederam a reunião, Lula disse a auxiliares que esperava uma providência enérgica contra os militares que teriam sido coniventes com o ataque à praça dos Três Poderes, no dia 8. A sinalização incluiria uma punição aplicada a esses indivíduos pelas próprias Forças Armadas.
 
Um dos focos mais vivos de tensão era a chefia do Batalhão da Guarda Presidencial, responsável pela segurança do Palácio do Planalto. Lula exigiu a troca do comandante da tropa, mas o Exército defendeu afastá-lo só depois de uma investigação que pudesse comprovar que ele teria facilitado a invasão do prédio.
 
O governo também exige uma mudança clara de posição dos militares diante de eventuais ameaças de protestos em frente aos quartéis. Neste ponto, há sinais de convergência: a determinação dos militares é impedir novas ocupações.
 
Aliados de Lula que fazem uma ponte com os militares afirmam que o novo governo conseguiu melhorar as relações com a Marinha e a Aeronáutica. O Exército, por outro lado, era visto como um problema – o que ficou marcado com a demissão de Arruda.
 
Tomás Miguel Ribeiro Paiva
Nascido na cidade de São Paulo – SP, Tomás Miguel Ribeiro Paiva iniciou a carreira militar em 1975, quando entrou na Escola Preparatória de Cadetes do Exército, em Campinas – SP.
 
Atuou em missão do Exército no Haiti e foi Comandante da Força de Pacificação da Operação Arcanjo VI, no Complexo da Penha e do Alemão, no Rio de janeiro – RJ, em 2012. Também foi ajudante de Ordens do Presidente da República e Assessor Militar do Brasil junto ao Exército do Equador.
 
O general também chefiou o Gabinete do Comandante do Exército, em Brasília – DF, e comandou a 5ª Divisão de Exército, em Curitiba – PR.
 
Em seu currículo, Ribeiro Paiva também tem passagens como subalterno e comandante de companhia de fuzileiros no 7º Batalhão de Infantaria Blindado, em Santa Maria – RS, no 26º Batalhão de Infantaria Paraquedista, no Rio de Janeiro – RJ, e no 33º Batalhão de Infantaria Motorizado, em Cascavel – PR.
 
Também foi instrutor do Curso de Infantaria da Academia Militar das Agulhas Negras, Subcomandante da Companhia de Precursores Paraquedista, Ajudante de Ordens do Presidente da República e Assessor Militar do Brasil junto ao Exército do Equador.
 
Em 2019, Ribeiro Paiva assumiu o posto de general de Exército, o mais alto da carreira militar. Na época, passou a integrar o Alto Comando do Exército, órgão colegiado onde são discutidos temas da Política Militar Terrestre e assuntos de interesse do comandante do Exército.
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