07/10/2022 às 17h05min - Atualizada em 07/10/2022 às 17h05min

Tecnologia amplia possibilidades de tratamento de doenças cardíacas

Com incisões cada vez menores ou sem elas, tempo reduzido de internação e baixa mortalidade, os procedimentos cardíacos minimamente invasivos trazem benefícios para o paciente e o ecossistema de saúde.

Redação
Foto: Luís Benedito/GrupoPhoto – Marca-Passo Micra
A expressão procedimento cardíaco pode ser assustadora num primeiro momento, mas, diferentemente do que as pessoas imaginam, essa área médica evoluiu a passos acelerados e muitos deles utilizados hoje são minimamente invasivos. As temidas cirurgias de peito aberto vêm sendo, em grande número, substituídas pelas minimamente invasivas, sem a necessidade de grandes incisões que exigiam longa fase de recuperação e com alta incidência de complicações.
 
No Brasil, as doenças cardiovasculares ainda são as principais causas de mortes. De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 300 mil indivíduos por ano sofrem Infarto Agudo do Miocárdio (IAM), ocorrendo óbito em 30% desses casos. Estima-se que até o ano de 2040 haverá aumento de até 250% dessas ocorrências no país.
 
“As doenças cardíacas continuam sendo a principal causa de morte no mundo, por isso a revolução na área significa ampliar o número de pacientes beneficiados e envolve valor incalculável”, comenta o cardiologista Carlos Eduardo Duarte, especialista em estimulação cardíaca da BP, que recentemente realizou uma das primeiras cirurgias de implante do menor marca-passo do mundo no Brasil na BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
 
Uma das tecnologias mais disruptivas, que recentemente chegou no Brasil, e que é implantada no paciente de forma minimamente invasiva é o Micra, menor marca-passo do mundo. Ele possui o tamanho de um comprimido de vitamina, não exige mais cabos-eletrodos e é indicado para tratar a bradicardia. A doença ocorre quando o ritmo cardíaco é irregular ou lento, com menos de 60 batimentos por minuto. O considerado normal para um paciente adulto varia entre 60 e 100 batimentos por minuto.
 
Outro tipo de enfermidade que pode ser tratada através de procedimentos minimamente invasivos é arritmia cardíaca. Uma de suas modalidades é a fibrilação atrial, quando as irregularidades na transmissão de impulsos elétricos que coordenam os batimentos cardíacos disparam. Apesar de existirem medicamentos para controlar a condição, muitos pacientes precisam se submeter a um procedimento de crioablação, que cauteriza ou congela a parte do coração responsável pela arritmia. Na técnica, que dura de 2 a 3 horas, a ponta do cateter balão é congelado, - 80°C, cauterizando o foco do problema.
 
Assim como a crioblação para tratar a fibrilação atrial, que passou a fazer parte do rol da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) em 2021, outro procedimento que também merece reconhecimento é o implante percutâneo de válvula aórtica ou TAVI (da sigla em inglês, Transcatheter Aortic Valve implantation). Ele é indicado para casos de estenose aórtica, quando a valva aórtica sofre obstrução ou estreitamento em pacientes idosos ou de maior risco para a cirurgia convencional.
 
Na cirurgia convencional, a troca da valva aórtica é feita com o peito aberto, com incisões de grandes proporções, recuperação lenta e com risco elevado para o paciente idoso, mais suscetível a complicações. No TAVI, essa mesma valva é corrigida por meio da introdução de um cateter na região da virilha, que segue até o coração, implantando assim uma nova valva e restabelecendo a passagem adequada do fluxo sanguíneo. O procedimento é feito sem cortes, com uso de anestesia local e sedação leve. Muitos pacientes, inclusive, recebem alta em até dois dias, enquanto os que fazem a “cirurgia aberta” têm um tempo médio de internação de uma semana.
 
A estenose aórtica é uma doença que acomete 5% da população com idade acima de 75 anos e sua prevalência aumenta com a idade. “Sem dúvida, os pacientes mais idosos apresentam um risco mais elevado para a cirurgia convencional, ou de peito aberto, sendo este procedimento muitas vezes até contraindicado”, explica Fernanda Marinho Mangione, diretora de Avaliação de Tecnologia em Saúde da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista e médica do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo e Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Sem o devido tratamento, 50% dos pacientes que apresentam sintomas como cansaço, desmaios ou dor no peito morrem em cerca de um ano.
 
De acordo com Fernanda, o TAVI surgiu como uma excelente opção de tratamento e mudou paradigmas da estenose aórtica, tendo resultados equivalentes ou até superiores à cirurgia tradicional e podendo ser realizado mesmo nestes pacientes muito idosos e com risco cirúrgico proibitivo.
 
Como prevenir doenças cardíacas
É fato que a medicina tem feito o seu papel com a ajuda de pesquisas científicas, tecnologia, conhecimento e expertise dos profissionais de saúde. Ao mesmo tempo, o paciente precisa entender a importância de cuidar do coração por toda a vida.
 
“Investir em prevenção, seguindo uma alimentação equilibrada, rica em vegetais e pobre em gordura, sal e açúcar, recorrendo à prática regular de atividade física e consultas periódicas ao clínico ou ao cardiologista são práticas essenciais para a vida saudável”, afirma Dr. Marcelo Cantarelli, coordenador do Cath Lab do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e do Grupo de Hospitais DASA-Leforte.
 
O coração nem sempre dá sinais de que há algo errado. A máxima ‘quem vê cara, não vê coração’ faz todo sentido, conclui Cantarelli. Por isso, acompanhar o órgão, de perto, é primordial para a saúde, independentemente da idade.
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