06/07/2022 às 21h28min - Atualizada em 06/07/2022 às 21h28min

Pacheco lê requerimentos e CPI do MEC é criada, mas acordo prevê funcionamento depois da eleição

Objetivo político do acordo foi evitar o início imediato do funcionamento de uma das três, a CPI do MEC, que não interessa ao governo porque investigará corrupção no Ministério da Educação.

Redação
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), leu na noite desta quarta-feira (6) os requerimentos de criação de três novas comissões parlamentares de inquérito (CPIs), uma das quais para investigar denúncias de corrupção e tráfico de influência no Ministério da Educação (MEC).
 
Com a leitura dos requerimentos e a publicação no Diário Oficial do Senado desta quinta-feira (7), as comissões ficam oficialmente criadas, mas a instalação para funcionamento depende da indicação dos integrantes pelos líderes dos blocos partidários.
 
De acordo com a Secretaria-Geral do Senado, mesmo com a leitura por Pacheco, até o fim desta quarta-feira, senadores podem retirar assinaturas dos pedidos de criação.
 
A criação das três comissões ao mesmo tempo foi uma solução política para se atender à oposição, que pressionava pela CPI do MEC, e aos governistas – contrários à comissão para investigar o MEC, eles argumentaram que havia pedidos anteriores de CPI na fila.
 
Embora criadas, as comissões somente deverão funcionar após as eleições de outubro, conforme acordo firmado entre Pacheco e líderes partidários.
 
A CPI do MEC busca apurar as denúncias de que pastores teriam intermediado a liberação de recursos do Ministério da Educação. O escândalo levou à prisão no mês passado do ex-ministro da pasta Milton Ribeiro. Ele foi solto no dia seguinte, mas as investigações continuam.
 
A Polícia Federal baseou a operação que levou à prisão de Ribeiro em indícios de irregularidades na liberação de verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), órgão vinculado ao MEC. Ribeiro é investigado por corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência.
 
Para fazer frente à CPI do MEC, a base governista passou a defender a leitura dos requerimentos de CPIs de interesse do governo.
 
Uma dessas CPIs busca investigar o crime organizado e o narcotráfico. Outra pretende apurar eventuais irregularidades em obras inacabadas de governos anteriores.
 
As comissões criadas nesta quarta-feira são as seguintes
  • CPI do MEC: apresentada pela oposição. Busca investigar corrupção no ministério (11 titulares e 7 suplentes, prazo de 90 dias, limite de despesas de R$ 90 mil).
  • CPI do Narcotráfico e Crime Organizado: defendida pelos governistas. Objetivo é investigar narcotráfico nas regiões Norte e Nordeste e atuação de organizações criminosas dentro e fora dos presídios (11 titulares e 7 suplentes, prazo de 180 dias, limite de despesas de R$ 150 mil).
  • CPI das Obras Inacabadas: defendida pelos governistas. Quer investigar obras atrasadas de governos anteriores (11 titulares e 7 suplentes, prazo de 120 dias, limite de despesas de R$ 110 mil).
Outra comissão já oficialmente criada, mas que ainda aguarda a indicação de membros, é a CPI do Desmatamento na Amazônia. Dois requerimentos sobre esse tema já tinham sido lidos. Os pedidos foram unificados em uma única CPI. Com isso, o Senado terá quatro novas comissões de investigação.
 
Para depois da eleição
O acordo para adiar o início do CPI do MEC para depois das eleições causou descontentamento na oposição.
 
Autor do pedido de criação da CPI, o senador Randolfe Rodrigues (Rede), disse que se retirou da reunião com os senadores e Pacheco na qual foi tomada essa decisão.
 
Segundo ele, no encontro estavam querendo “acertar juízo de conveniência e oportunidade” para a instalação da comissão de inquérito.
 
Randolfe Rodrigues informou que, se os líderes não indicarem os membros da CPI, ou seja, se protelarem o início dos trabalhos, ele apresentará uma ação ao Supremo Tribunal Federal (STF).
 
“CPI é direito constitucional da minoria parlamentar. Não existe a possibilidade de não ser instalada. Não pode ser obstruída. Se os líderes partidários não fizerem indicação, nós iremos ao STF para que a Constituição Federal seja cumprida”, disse em uma rede social.
 
A solução de recorrer ao Supremo foi adotada no ano passado por Randolfe Rodrigues e pelos senadores Alessandro Vieira (PSDB) e Jorge Kajuru (Podemos) em relação à CPI da Covid.
 
Na ocasião, Pacheco nem sequer admitia ler o requerimento de criação da comissão, mas foi obrigado a fazê-lo por determinação do Supremo, após ação impetrada no tribunal pelos senadores.
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