25/10/2021 às 10h19min - Atualizada em 25/10/2021 às 10h19min

Advogada pede indenização de R$ 571 mil a Bolsonaro por promover “kit covid”

Mulher foi diagnosticada com a Covid-19 duas vezes e, hoje, tem sequelas devido à doença, como perda de memória e queda de cabelos.

Portal Metrópoles

A advogada Manuela Menezes, de 34 anos, entrou com uma ação na Justiça Federal da Bahia para ser indenizada pelo o presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido) em mais de meio milhão de reais. Ela o acusa de ter divulgado o “tratamento precoce” contra o novo coronavírus, mesmo sem eficácia comprovada cientificamente.

A baiana foi diagnosticada com Covid-19 duas vezes em 2021. Ela precisou ser internada e, no hospital, foi tratada com azitromicina e ivermectina, fármacos que compõem o chamado “kit covid”, que foi muito divulgado por Bolsonaro. Segundo ela, o médico que a atendeu citou o presidente da República para convencê-la a tomar os remédios.

Agora, ela apresenta sequelas da infecção pelo coronavírus, incluindo queda de cabelo e perda de memória. Ela quer R$ 571 mil da União. A ação será julgada na 1ª Vara Federal Cível da Seção Judiciária da Bahia (SJBA).

“Tenho problemas psicológicos e físicos. Estou tomando medicamentos devido às sequelas que tive da Covid e um dos efeitos colaterais é estar proibida de dirigir. São remédios para pessoas que têm acima de 70 anos, para memória”, conta a advogada ao Portal Metrópoles.

“Estou passando situações vexatórias no meu trabalho. Tenho dores de cabeça diariamente. Não consigo nem mais pentear meu cabelo com rabo de cavalo, pois meu cabelo cai muito deste então, tenho vários buracos. Cheguei ao ponto de pensar se foi bom ter sobrevivido à covid; se isso é uma benção ou uma maldição. O que espero de um governante é que ele seja responsabilizado. Queria que as autoridades tivessem mais atenção aos sobreviventes do vírus”, desabafou Manuela.

A advogada tomou azitromicina, ivermectina, decadron, unizinco e addera. “Saliente-se que a autora recebeu tratamento considerado pela própria fabricante do remédio como ineficaz ao resultado esperado contra a Covid-19. A despeito dessa ineficácia, a autora confiou no procedimento médico, uma vez que o profissional se dizia conhecedor da confiabilidade do tratamento, e, ainda, usando como argumento de reforço para fins de convencimento, os discursos do presidente da República, Jair Bolsonaro, sobre a viabilidade daqueles remédios os quais estava prescrevendo”, afirma seu advogado, Lucas Correia de Lima, na ação.

“O kit de medicamentos imposto à autora, que, desconhecedora de expertise médica, foi submetida a tratamento precoce à revelia das nefastas consequências, não surtiu efeito de prevenção ou cura à Covid-19. Prova disso é que a autora foi infectada novamente pela moléstia”, completa.

Ainda de acordo com a ação, a vida de Manuela foi usada como aposta por Bolsonaro. “Os problemas apresentados pela Autora não se traduzem como resultado de uma enfermidade banal, mas produto das ações irresponsáveis de gestão governamental em um país que fez pouco caso e deu parca atenção aos cuidados da pandemia, deixando de proteger seus cidadãos e contribuindo, com discursos e atos, para a proliferação dos casos”.

A advogada afirma que, caso ganhe, irá destinar o valor para fundos de Saúde de seu município, Feira de Santana, e do estado da Bahia, com foco no combate à Covid-19.

Segundo ela, a ideia de pedir a indenização veio da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19. Durante o depoimento do CEO da farmacêutica Vitamedic, Jailton Batista, no dia 11 de agosto, o presidente do colegiado, senador Omar Aziz (PSD), declarou que iria pedir à Defensoria Pública para que as famílias que perderam parentes sejam indenizadas pelo Estado.

“Esta Comissão Parlamentar de Inquérito deverá ter no seu relatório final uma recomendação às advocacias dos estados, da União nos estados, em solidariedade às pessoas que perderam entes queridos e a muitos deles que estão sequelados, que a advocacia ajude essas pessoas a entrarem na Justiça, pedindo a indenização por esse crime absurdo”, disse o relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB).

A Advocacia-Geral da União (AGU) disse, em nota, que não houve intimação no mencionado processo.


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