15/11/2019 às 11h37min - Atualizada em 15/11/2019 às 11h37min

Antes realeza do aço, Thyssenkrupp vende ativos para sobreviver

O declínio da Thyssenkrupp é motivo de preocupação para políticos que veem a situação como um presságio do que pode ocorrer com a economia alemã.

Portal Bloomberg Brasil.

Nas margens do rio Ruhr, que atravessa o coração industrial da Alemanha, há um vasto parque ornamental com jardins bem cuidados e árvores exóticas. No centro, uma mansão neoclássica com telhado verde-cobre e pilares gregos se destaca: a Vila Huegel, a antiga residência do magnata do aço Alfred Krupp.

Vila é um nome impróprio - o lugar é mais um palácio do que uma residência. Existem salas de biblioteca com painéis de madeira, elaboradas tapeçarias flamengas e lustres brilhantes pendurados nos tetos. A mansão é uma homenagem à riqueza e status de Krupp como líder da revolução industrial da Alemanha no século XIX. Se o vale do Ruhr fosse a casa de máquinas da economia, a Vila Huegel seria sua ponte de comando.

Hoje, a Vila Huegel é um mausoléu de uma época passada. O famoso nome Krupp foi dobrado no “portmanteau” das dinastias de aço Thyssen e Krupp durante a fusão em 1999. Antes em pé de igualdade com gigantes de engenharia alemãs como Siemens e Daimler, a situação da Thyssenkrupp espelha a desaceleração da economia alemã e erros de gestão, que obrigam a empresa a vender unidades para tapar buracos no balanço.

O declínio do império Thyssenkrupp é motivo de preocupação para políticos que veem a situação da siderúrgica como um presságio do que pode ocorrer com a economia alemã, que até agora se apoiou em um mercado de trabalho bem remunerado.

A crescente crise na Thyssenkrupp alinha cada vez mais os interesses de investidores e trabalhadores: a empresa precisa de dinheiro para pagar pensões e sobreviver. A fundação, que administra a Vila Huegel e é uma grande parte interessada, depende de dividendos para cobrir os gastos, que incluem subsídios à pesquisa, bolsas de estudo culturais e manutenção da bem cuidada propriedade.

Executivos de Essen atualmente conversam com os interessados no ativo mais valioso da Thyssenkrupp: a divisão de elevadores, uma unidade avaliada em 15 bilhões de euros (US$ 16,56 bilhões) que atraiu o interesse de várias empresas. A siderúrgica também pretende vender as operações de componentes automotivos, onde os lucros caem devido ao agravamento da crise do setor na Alemanha. A divisão de chapas grossas - sucessora das siderúrgicas Krupp que fortificou os tanques e navios de guerra de Adolf Hitler - também está no programa de desinvestimentos.

Juntamente com a dívida, as ignomínias da outrora gigante continuam se acumulando: a empresa foi excluída do índice DAX da Alemanha em setembro e substituída pela fabricante de turbinas de jatos MTU Aero Engines. É uma saída emblemática de como o futuro industrial da maior economia da Europa está nas mãos de empresas de alta tecnologia e margem elevada, em vez de siderúrgicas.

A crise colocou a empresa na mira de investidores ativistas que pressionam por mudanças. A sueca Cevian Capital é a segundo maior acionista por trás da fundação. Uma porta-voz da Thyssenkrupp fez referência a uma declaração da CEO Martina Merz em setembro, quando disse que a empresa continuaria com seu realinhamento estratégico, buscando recuperar a confiança dos investidores.


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