10/05/2021 às 17h49min - Atualizada em 10/05/2021 às 17h49min

Exército reduziu produção de medicamento para transplantados enquanto fabricava cloroquina

Produção de micofenolato de sódio 360 mg caiu 1/3 em março de 2020, mês em que foram fabricados 1,2 milhão de comprimidos de cloroquina.

No mesmo mês em que começou a produzir cloroquina, março de 2020, o Laboratório Químico e Farmacêutico do Exército reduziu 1/3 da produção de micofenolato de sódio 360 mg, medicamento imunossupressor vital para pacientes que passaram por algum transplante de órgão. Eles são cerca de 80 mil pessoas no Brasil e dependem do remédio fornecido exclusivamente pelo Exército ao Sistema Único de Saúde (SUS) para que o órgão transplantado não seja rejeitado pelo organismo, a informação é do Portal G1.

Os números que revelam a redução do medicamento foram obtidos junto ao Exército Brasileiro por meio da Lei de Acesso à Informação.

Em janeiro e fevereiro do ano passado, o laboratório da instituição produziu 5,6 milhões de comprimidos do imunossupressor em cada mês e não produziu cloroquina. Em março, foram produzidos 1,2 milhão de comprimidos de cloroquina e 3,7 milhões de micofenolato de sódio (360 mg) - quase 2 milhões a menos que nos dois meses anteriores.

Nos três meses seguintes, a produção do imunossupressor seguiu abaixo dos 4 milhões de comprimidos mensais e a fabricação de cloroquina continuou: 718 mil comprimidos em maio e 1,2 milhão em junho. O medicamento é defendido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para o tratamento da Covid-19, embora não tenha nenhuma eficácia contra a doença, segundo a Organização Mundial da Saúde.

No final de 2020, o Laboratório Químico e Farmacêutico do Exército já havia produzido 3,2 milhões de comprimidos de cloroquina, que foram enviados a vários estados do país. Naquele momento, enquanto sobrava cloroquina, faltava micofenolato de sódio (360 mg) em pelo menos 14 estados do Brasil e no Distrito Federal, segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO).

No dia 27 de janeiro deste ano, o Ministério da Saúde enviou um ofício à ABTO admitindo a falta do medicamento: “(…) têm ocorrido entregas parceladas por parte dos fornecedores contratados pelo Ministério da Saúde, dificuldade no cumprimento dos cronogramas contratuais, com risco de ruptura intermitente do abastecimento”, informou o documento.


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