02/05/2021 às 12h26min - Atualizada em 02/05/2021 às 12h26min

Segundo Marcelo Queiroga, orientação durante gestão de Pazuello causou falta de vacinas para 2ª dose

Dois dias antes de sair do cargo, general Eduardo Pazuello deu ordem para que os estados não estocassem vacinas para a segunda dose. Agora, faltam vacinas e secretarias regionais precisam gerenciar atrasos.

As mudanças na estratégia da vacinação contra a Covid-19 colaboraram para a falta de vacinas em vários estados brasileiros, segundo o atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e especialistas ouvidas pela reportagem. Na última semana, pelo menos oito capitais do país pararam a imunização por falta de doses.

Em fevereiro, o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, orientou as prefeituras a usar todo o estoque para garantir a primeira dose sem se preocupar com a segunda dose. Pazuello dizia que “com a liberação para aplicação de imediato de todo o estoque de vacinas guardadas nas secretarias municipais, vamos conseguir dobrar a aplicação”.

Dias depois, o Ministério da Saúde voltou atrás e disse que os estados e municípios deveriam reservar a segunda dose da vacina CoronaVac, que tem um intervalo entre doses de 28 dias.

Um mês depois, o Ministério da Saúde autorizou que todas as vacinas armazenadas pelos estados e municípios para garantir a 2ª dose fossem utilizadas imediatamente como 1ª dose.

Para o atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, o atraso “decorre da aplicação da segunda dose como primeira dose”. “Logo que houver entrega da CoronaVac, [o problema] será solucionado”, disse ele.

Em 21 de março, dois dias antes de Pazuello deixar o cargo, a Secretaria de Vigilância em Saúde, o órgão do Ministério da Saúde responsável pela campanha de vacinação, autorizou o uso imediato, para primeira dose, de todo o estoque de vacinas armazenadas pelos estados para a segunda aplicação.

“O ministério fez isso, mas nós somos dependentes da China para os insumos farmacêuticos ativos (IFAs). O erro do ministério foi ter feito essa orientação sem ter garantia de que a produção estava iniciada. Contar com IFA que nem saiu da China é uma situação complicada”, diz a epidemiologista Ethel Maciel.

Ela afirma que, além dessa orientação equivocada, falta coordenação nacional para a vacinação no geral - por exemplo, cada estado decidiu qual a ordem de grupos que tinham mais prioridade.

Em 26 de abril, o novo ministro, Marcelo Queiroga, foi ao Senado para dizer que a orientação mudou e que, agora, o Ministério pede para que os estados armazenem metade do estoque para usar na segunda dose.


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