28/11/2020 às 21h39min - Atualizada em 28/11/2020 às 21h39min

Artista negro morre baleado em distribuidora de bebidas em São Paulo e policial suspeito é detido

NegoVila Madalena tentou apartar briga e acabou atingido por um tiro; ele deixa uma filha e três irmãos.

O artista NegoVila Madalena, 40, morreu atingido por um tiro que, segundo testemunhas, foi disparado por um policial na frente de uma distribuidora de bebidas de Pinheiros, na zona oeste da capital paulista, na madrugada deste sábado (28), as informações são do jornal Folha de S. Paulo.

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) informou, no fim da tarde de sábado, que um policial militar foi detido após um homicídio ocorrido em um bar na Vila Madalena.

“O caso está sendo registrado pelo 14º DP (Pinheiros), que apura os fatos. A Polícia Militar também instaurou um IPM [inquérito policial militar] para investigar todas as circunstâncias relacionadas à ocorrência”, diz a nota.

NegoVila era o nome artístico de Wellington Copido Benfati. O “Vila Madalena” era uma homenagem ao bairro, também da zona oeste de São Paulo, onde ele e os três irmãos nasceram.

NegoVila estava acompanhado de amigos no Royal Bebidas. O grupo chegou na noite desta sexta-feira (27) e lá permaneceu bebendo na calçada até a confusão que terminou com o artista baleado, por volta das 4h30 deste sábado.

A reportagem apurou com amigos da vítima, que preferiram não se identificar por segurança, que o artista foi baleado ao tentar separar uma briga entre o amigo dele e o policial. Os motivos da briga ainda não estão esclarecidos.

As testemunhas disseram que, ao tentar acabar com a confusão, NegoVila foi agredido com um soco no rosto desferido pelo policial. Ele revidou.

Armado, o policial deu um tiro para o alto e causou uma correria entre os frequentadores do bar. Assustado, NegoVila também correu, mas caiu no chão.

Foi, então, que, segundo as testemunhas, o policial se aproximou e atirou contra o artista. O tiro atingiu o tórax da vítima.

Amiga do artista, Luana Cruz de Campos, 37, conta que só percebeu que NegoVila havia sido baleado quando viu ele caído.

“Quando ele caiu, o policial veio e apontou a arma na direção dele para atirar mais. Foi quando eu coloquei meu corpo em cima do dele e implorei: por favor, não!”, diz a assistente administrativa, em versão corroroborada por outras testemunhas.

Campos diz que o policial se afastou, e ela conseguiu conversar com NegoVila até a chegada do resgate. “Está tudo bem?”, perguntou. O artista só conseguiu responder: fui baleado. “Eu vi o sangue e comecei a gritar. Foi horrível”, diz ela.

NegoVila foi socorrido e levado ao Pronto-Socorro da Lapa, mas segundo a irmã do artista, Tatiane Cristina Benfati, ele chegou morto na unidade hospitalar. Muito abalada, Tatiane disse que seu irmão “não merecia ter morrido dessa forma”.

“O racismo é algo que existe, né, no Brasil. O cara que matou meu irmão é branco. Ele nunca viu meu irmão na vida dele. Ele não tinha nenhum motivo para fazer isso”, afirma.

A polícia chegou rapidamente ao local, a poucos metros do 14° DP, onde o caso foi registrado e está sendo investigado, e o policial foi detido em flagrante.

O jornal Folha de S. Paulo não localizou a defesa do suspeito.

NegoVila era rapper, skatista, muralista, artista plástico e assistente de produções cinematográficas. Ele deixa uma filha, de nove anos que, segundo a família, estava ansiosa para viajar com o pai no final deste ano.

Nas redes sociais, amigos da vítima protestaram contra a morte do artista. Numa das postagens, uma foto de uma faixa estampava: “PM assassina”.


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