24/11/2020 às 00h53min - Atualizada em 24/11/2020 às 00h53min

Ex-fiscal diz que uso de violência era autorizado no Carrefour onde João Beto foi morto

Trabalhador ficou dois meses na unidade onde homem negro foi morto e disse ter presenciado agressões e constrangimentos a clientes.

Em depoimento à polícia, um ex-fiscal de segurança da unidade do Carrefour onde João Alberto Silveira Freitas, 40 anos, foi brutalmente espancado até a morte afirmou que o emprego de violência era permitido pela gerência do estabelecimento comercial aos clientes que causavam problemas. São informações do Portal UOL.

O uso de violência, de acordo com o antigo funcionário, ocorria principalmente em situações nas quais havia suspeita de furto ou confusão dentro do mercado.

Haveria ainda, conforme relato, uma sala sem câmeras perto de onde João Beto foi morto. O espaço seria utilizado para agredir eventuais clientes.

O trabalhador afirmou ter trabalhado por dois meses na unidade, e que durante seu tempo no mercado presenciou situações de constrangimento de clientes, mesmo sem comprovação de que teriam cometido furtos ou qualquer outra irregularidade no interior do estabelecimento.

Um ex-fiscal afirmou à polícia que a gerência da unidade do Carrefour na zona norte de Porto Alegre - RS autorizava o “emprego de violência” em clientes que “estavam causando problemas”. Foi lá que o homem negro João Alberto Silveira Freitas, 40, morreu após ser espancado por dois seguranças do estabelecimento - Magno Braz Borges e o policial militar temporário Giovane Gaspar da Silva - na última quinta-feira (19).

Os dois homens estão presos. O uso da violência, segundo relatou à polícia o homem de 34 anos, ocorria também para que suspeitos confessassem “furto ou confusão ocorrida no interior do estabelecimento”.

Segundo o ex-fiscal, nesta unidade do Carrefour há uma sala sem câmeras de segurança próxima de onde Beto, como era conhecida a vítima, foi agredido. Ele disse que é “usual a prática dos seguranças do local de imobilizar suspeitos e levar até a referida sala para que nada fosse gravado pelo sistema de segurança”.

O ex-fiscal trabalhou na unidade por dois meses, no final do ano passado. O homem afirmou que “era comum, ao desconfiarem de algum furto de bens, serem tomadas providências sob a orientação da gerência da segurança e da líder da loja que na época que o declarante trabalhava era a Sra. Adriana”, segundo trecho de depoimento à polícia.

Segundo o ex-funcionário, as providências consistiam em “constrangimento dos clientes suspeitos através de acompanhamento dentro da loja por fiscais e mensagens de rádio em volume alto para que todos que estivessem próximos ouvissem e a pessoa se sentisse desconfortável a ponto de devolver eventual mercadoria furtada”.


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