11/07/2020 às 18h11min - Atualizada em 11/07/2020 às 18h11min

Mandetta: Bolsonaro, seus ministros e generais sabiam da gravidade da pandemia e resolveram não fazer nada

Bolsonaro e a cúpula de seu governo sempre souberam do tamanho da crise que representa a pandemia do coronavírus no país e decidiram não seguir as recomendações científicas e da OMS. A afirmação foi feita neste sábado pelo ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Ele fez um ataque duro aos militares que ocuparam o Ministério: “em saúde ter segredos é o caminho mais rápido da tragédia”.

O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta disse neste sábado (11) que, enquanto foi ministro da Saúde, sempre informou Jair Bolsonaro (Sem Partido) sobre a gravidade da pandemia da Covid-19: “O presidente nunca deixou de saber quais eram os cenários reais. Assim como sua Casa Civil, assim como seu corpo de ministros. Sabiam os passos que iam dar, sabiam dos momentos duros que teríamos pela frente”, afirmou em videoconferência. Mesmo assim, fizeram uma opção consciente de desrespeitar as recomendações científicas e a OMS.

As afirmações de Mandetta foram feitas num debate online organizado pela revista IstoÉ e pelo Instituto Brasiliense de Direito Público. O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), também fez parte da bancada de debatedores.

Sobre a postura do Ministério da Saúde depois da intervenção militar na Pasta foi alvo das críticas de Mandetta. Ele disse que a tentativa de esconder os números sobre o crescimento de casos e mortes por coronavírus fez com que o Ministério da Saúde perdesse as condições de se comunicar com a sociedade: “O Ministério da Saúde perdeu a credibilidade e não tem mais credibilidade para vir a público falar. Os números lamentavelmente estão onde estão e ainda estamos começando [a epidemia] na região Sul. temos o Centro-Oeste que ainda não aconteceu, e ainda vamos ver essas segundas ondas”.

Para o ex-ministro, “em saúde ter segredos é o caminho mais rápido da tragédia”, afirmou. “Na nossa sucessão vieram militares. A primeira coisa que eles fizeram foi não mais mostrar os números 17h, não mais mostrar nada”.


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