09/06/2020 às 12h03min - Atualizada em 09/06/2020 às 12h06min

A reinvenção da educação

A reinvenção da educação pode impactar os vários níveis da escola, desde a Educação Infantil até mesmo à formação dos professores pós-pandemia e agora ela deixa de ser um desejo e se torna uma necessidade.

Transformar. Acima de tudo, esta é a intenção primeira da educação, como um todo. A aprendizagem só é efetiva quando o aluno passa por uma transformação interna em relação ao que sabia, chegando a objetivos que visam torná-lo mais capacitado de várias formas.

Verdade que por um bom tempo a pedagogia estagnou no país. Não foi culpa dos professores. A culpa, na verdade, foi da sociedade em geral, afinal de contas somos humanos e como tais somos resistentes a mudanças.

Todas as vezes que mudanças eram propostas nas escolas a sociedade, de modo generalizado - tirando umas poucas e parcas exceções - cobrava o retorno de um modelo anterior e esta cobrança é histórica. A barreira em relação à tecnologia não foi diferente, afinal de contas, “mudar dá trabalho para todos”.

Não temos incentivo para os professores, a escola e as famílias nem sempre possuem um bom relacionamento, a formação em pedagogia está entre as de mais baixo custo do país, contribuindo para sua desvalorização, com poucos recursos durante o curso e nem sempre aulas que realmente preparem os estudantes para a profissão.

Até aqui parece triste a realidade para quem trabalha na melhoria da educação brasileira, mas como toda boa história, há um ponto de virada. A mesmice pode chegar ao fim em breve.

A oportunidade de nos lembrar que educar é transformar acontece agora, em 2020. Embora seja um ano difícil, globalmente, é também o ano que tem o poder de trazer à tona o perfil de professor que queremos em nossa área.

Como em toda profissão, nem todos os profissionais são modelos para a área, mas aqueles que são estão mostrando agora todo seu potencial.

Em apenas dois meses esses profissionais tiveram que reinventar a educação sem nem mesmo terem sido formados para enfrentar o isolamento que vivemos.

O excesso de prontidão, de vontade, para conseguir atingir a aprendizagem dos alunos levou nossos professores a buscarem as mais inusitadas estratégias para conseguirem fazer seu trabalho de uma forma completamente diferente da qual aprenderam na faculdade.

Focados, mesmo remando contra o maremoto de reclamações que enfrentaram e continuam enfrentando em relação a algumas famílias das comunidades escolares, os professores, corajosos e obstinados, seguem dando seu melhor perante uma situação à qual ninguém estava preparado, e com louvor.

A resiliência permite a esses profissionais da educação tanto se reinventarem quanto orientarem as famílias mais fechadas para a nova realidade de uma forma muitas vezes espetacular.

Embora quase que esquecidos pela mídia por causa das constantes notícias que dão maior enfoque à saúde, à política e à economia, os professores continuam estimulando a educação, silenciosos em sua batalha no “submundo” da crise mundial.

Em suas casas, também precisam cuidar de suas famílias e dos idosos, que muitas vezes moram em outra localidade, mas precisam de seu apoio. Precisam pesquisar novas formas e estratégias de ensino. Precisam fazer reuniões e mais reuniões com a escola para discutir as melhores maneiras de alcançar a comunidade escolar. Precisam aprender a usar novas plataformas e novas formas de lecionar, nunca antes utilizadas. Precisam orientar famílias, ensinar como usar plataformas, encontrar outras formas de atender famílias sem recursos tecnológicos, elaborar recados novos para novas situações e ainda remodelar toda e qualquer atividade que tinha antes da crise, para que seja adequada à nova situação e fique mais fácil para as famílias conseguirem ajudar a criança de seus lares.

Neste momento o que esses profissionais precisam é apenas de apoio. Eles batalham, mas quando a família não aceita a ajuda, a batalha se perde dentro daquele lar. A educação transforma, mas a transformação, neste caso, vem de dentro, de dentro dos lares, neste momento tão delicado. Se a família não se dispor a ser ajudada, não entenderá o auxílio e o grande prejudicado será o aluno.

O momento é ruim para todos, mas pode ajudar a educação a avançar em pelo menos 30 anos em relação à aceitação da tecnologia não apenas pelas escolas, mas também pela sociedade, como um todo. Pode ainda trazer à área da educação a valorização que ela tanto merece e foi, há muito, esquecida socialmente.

Após a crise, a tecnologia pode ter mostrado a milhões de professores no mundo o quanto podem fazer a diferença e o quanto é preciso trazê-la mais para a escola, exatamente porque ela possibilita inúmeras ferramentas que são essenciais no mundo atual.

A reinvenção da educação pode impactar os vários níveis da escola, desde a Educação Infantil até mesmo à formação dos professores pós-pandemia e agora ela deixa de ser um desejo e se torna uma necessidade.

Educar é transformar e transformar é dar à sociedade a possibilidade de nos tornarmos melhores e mais conscientes. Viva esta transformação. Apoie a educação neste momento tão delicado! Assim poderemos nos reinventar unidos, por uma educação melhor e por uma transformação real.

Especialista em educação, Janaína Spolidorio é formada em Letras, com pós-graduação em consciência fonológica e tecnologias aplicadas à educação e MBA em Marketing Digital. Ela atua no segmento educacional há mais de 20 anos e atualmente desenvolve materiais pedagógicos digitais que complementam o ensino dos professores em sala de aula, proporcionando uma melhor aprendizagem por parte dos alunos e atua como influenciadora digital na formação dos profissionais ligados à área de educação.


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