06/04/2024 às 00h51min - Atualizada em 06/04/2024 às 00h51min

Audiência Pública na Câmara Municipal de Dourados – MS debate o enfrentamento à misoginia

A ministra das Mulheres apresentou um panorama de dados sobre misoginia em diversos setores a um público de mais de 400 pessoas.

Redação
Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República
Foto: Aline Teodoro/Ministério das Mulheres (MMulheres)
Encerrando a agenda no estado de Mato Grosso do Sul nesta sexta-feira (5), a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, participou de audiência pública na Câmara Municipal de Dourados – MS. Com o tema “Caminhos inclusivos rumo a um MS sem misoginia”, a audiência, realizada a pedido da deputada estadual Gleice Jane (PT), promoveu a integração do governo federal com os representantes do parlamento estadual e municipal, e especialmente com a sociedade civil.
 
Foram ouvidas mulheres representantes de diversos grupos da sociedade, que trouxeram demandas e compartilharam desafios vivenciadas por povos indígenas, por diferentes setores do movimento sindical, famílias imigrantes, mulheres trans, assentadas, quilombolas, mães universitárias, entre outras. 
 
Em sua fala, a ministra trouxe dados relacionados à misoginia sob diversos aspectos, como feminicídios, violência política de gênero, discurso de ódio online e a desigualdade salarial. Ela abordou a importância de se popularizar que a misoginia é a raiz de todas as violências e discriminações para todos os setores da sociedade, incluindo as mulheres mais vulneráveis, e chamou os homens a participar da luta pelo enfrentamento ao ódio contra as mulheres.
 
“A nossa tarefa é fazer com que todas as pessoas desse país, a que anda de ônibus, a que não sabe ler, a da aldeia, a do campo, a da floresta, saiba que se alguém gritou, encostou, brigou, humilhou, é ódio contra as mulheres, é misoginia. E vai ter que gritar: isso é um ato misógino!”, enfatizou.
 
“Mesmo que nós trabalhemos incansavelmente em políticas públicas para enfrentar a violência de gênero nesse país, mesmo que a gente construa uma Casa da Mulher Brasileira em cada um dos mais de 5 mil municípios neste país, nós não vamos dar conta. Precisamos que a sociedade brasileira e os homens brasileiros nos ajudem a enfrentar esse problema”, acrescentou.
 
Dados citados pela ministra
Na internet, a misoginia tem sido reproduzida principalmente por grupos que acreditam na suposta “superioridade masculina” – a chamada “machosfera”. Canais que pregam esse discurso, investindo horas diárias para disseminar desinformação, já alcançam, ao menos, 8 milhões de seguidores e são pagos por anúncios nas plataformas de redes sociais, segundo levantamento da Agência Aos Fatos.
 
Segundo dados da SaferNet, denúncias de misoginia na internet cresceram quase 30 vezes em cinco anos no Brasil. Registros de crimes de ódio contra mulheres saltaram de 961, em 2017, para 28,6 mil, em 2022.
 
Violência doméstica 
Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2023, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, no ano passado, 1,4 mil mulheres brasileiras foram mortas pelo fato de serem mulheres – é o maior número registrado desde 2015. Mais de 74 mil estupros foram registrados, sendo que 6 em cada 10 vítimas tinham até 13 anos. A cada dia, 673 mulheres registram boletim de ocorrência por agressões em contexto de violência doméstica. 
 
Espaços de poder 
Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), apesar de representarem 53% do eleitorado, as mulheres ocupam apenas 17,7% da Câmara dos Deputados e 12,3% do Senado Federal. Em 958 cidades não houve nenhuma vereadora eleita em 2020. Segundo o Censo das Prefeitas Brasileiras, do Instituo Alziras, 58% das prefeitas (mandatos de 2021 – 2024) sofreram assédio ou violência política de gênero (pelo simples fato de ser mulher).
 
Esporte 
Os boletins de ocorrências por ameaça contra mulheres em cinco capitais brasileiras aumentam em 23,7% quando o time da cidade joga – conforme dados da pesquisa “Violência Contra Mulheres e o Futebol”, idealizada pelo Instituto Avon e encomendada ao Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Prevenir violência doméstica em dias de jogos de futebol é um dos focos de trabalho da iniciativa Brasil sem Misoginia.
 
O Ministério das Mulheres fechou parceria no âmbito da iniciativa Brasil sem Misoginia com o Ministério do Esporte, a fim de levar conscientização contra a violência aos campos de futebol. Uma delas leva faixas com os dizeres “Futebol sem Misoginia”, exibidas antes de jogos de diversos campeonatos estaduais e pela Copa do Brasil.
Link
Tags »
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Fale pelo Whatsapp
Atendimento
Precisa de ajuda? fale conosco pelo Whatsapp