14/02/2024 às 19h57min - Atualizada em 14/02/2024 às 19h57min

Especialistas da Rede Ebserh esclarecem dúvidas da população sobre o câncer

A Reportagem da Ebserh foi às ruas e ouviu dúvidas de populares sobre essa doença que pode ter mais de 704 mil casos até 2025 no Brasil.

Redação
Agência Gov
Foto: Divulgação
O Dia Mundial de Combate ao Câncer, que neste ano tem o tema “Cuidados para todos”, foi criado para disseminar dados sobre a prevenção e o controle da doença, além de levantar questões atuais sobre o diagnóstico e as alternativas de tratamento. Para marcar a data, a Rede Ebserh está produzindo uma série de reportagens e conteúdos sobre o tema. Aqui nesta matéria, ocê verá especialistas da Rede Ebserh esclarecem dúvidas da população sobre o câncer.
 
1 – Charlene Ferreira, recepcionista: A tia do meu pai teve câncer de útero e mama. Só teve este caso na família, que eu saiba. Qual a chance de eu, como sobrinha de segundo grau, ter estes tipos de cânceres?
 
Resposta de Marcos Pretti, oncohematologista do Hucam-Ufes/Ebserh : A predisposição genética pode influenciar, principalmente quando é parente de primeiro grau, mas não determinar o risco do câncer. No entanto, é crucial lembrar que muitas pessoas sem histórico familiar também desenvolvem câncer. Consultar um médico para avaliação personalizada e orientações sobre exames preventivos é a melhor abordagem para entender e gerenciar o risco.
 
2 – Thiago Vieira, guia de turismo: Todo tratamento contra o câncer é custeado pelo SUS?
 
Resposta de Caroline Secatto Trés, oncologista clínica do Hucam-Ufes: O SUS hoje trabalha por APACs, um instrumento que tem, entre suas funções, a de autorizar o registro e o faturamento de procedimentos ambulatoriais que necessitam de autorização prévia. Para cada linha de tratamento, há disponibilidade de uma cota. Nem toda tecnologia mais moderna a gente consegue encaixar dentro deste valor. Mas há forma de isso ser resolvido ou amenizado. Primeiro, a cada período, os oncologistas e a sociedade em geral levantam a literatura científica para tentar incorporar algumas destas novas tecnologias no SUS. Outra forma de cobrir este gap é o desenvolvimento de pesquisas clínicas, por meio de subsídio com laboratórios e outras fontes. A gente consegue, com a contrapartida de dados, oferecer a estes pacientes novas terapias, tratamentos de ponta. Dessa forma, a gente consegue acompanhar as inovações.
 
3 – Sthefany Maria Viana Ferreira, residente de Hepatologia: As pessoas costumam dizer: “Fulano foi uma pessoa tão infeliz que acabou tendo câncer”. Isso faz sentido? Mágoa provoca câncer? Viver uma vida triste, um casamento ruim, um emprego difícil, por exemplo... isso pode provocar câncer?”
 
Resposta de Caroline Secatto Trés, oncologista clínica do Hucam-Ufes: Vou contar um pouco de minha experiência profissional, que é o que eu vivo. Claro que viver o estresse, uma vida sem qualidade, isso de forma geral impacta no bem-estar, na organização da pessoa, que fica com o organismo desorganizado, desequilibrado. Isso, com certeza, predispõe a várias doenças.
Em relação ao câncer, o que eu considero, não é que o estado emocional venha a causar o câncer. Mas a gente vê no dia a dia que o estado emocional faz com que o tratamento depois de um diagnóstico possa vir a ser melhor ou pior, isso é verdade. Então, aquela pessoa que enfrenta isso de forma otimista, confiante, acreditando que tem um bom tratamento e vai ter bons resultados, que confia no tratamento, no médico, que tem um suporte, uma rede de apoio... realmente vai muito melhor, diferentemente daquele que vem com todas as questões emocionais, que tem um problema em casa, uma situação familiar, sem apoio, que caminha sozinho nesta jornada cheia de obstáculos. Este paciente acaba não estando bem emocionalmente para receber o diagnóstico e o tratamento e realmente pode ter um pior resultado. Isso é o que na prática eu observo.
 
4 – Edivaldo Ribeiro Faria, pastor: Existe algum tipo de alimento que ajuda a reduzir o risco de câncer?
 
Resposta de Juliana Florinda, oncologista do Huol-UFRN: Não há um tratamento específico que cause câncer nem que o cure. O que há são hábitos saudáveis que, em conjunto, vão diminuir a chance de ter câncer, como evitar o excesso de carne vermelha. Há recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) de que seja ingerida até 650 gramas de carne vermelha por pessoa, porque o excesso pode influenciar no câncer no intestino. Evitar alimento industrializado, superprocessado. Há estudos que mostram que estes alimentos estão relacionados a mais de 13 tipos de cânceres. E os carboidratos simples, que podem aumentar a obesidade também estão relacionados. Então, tentar a alimentação o mais saudável e natural possível, comer frutas e verduras, evitar o excesso de carne vermelha e alimentos ultraprocessados ajuda a pessoa a reduzir o risco individual de ter câncer.
 
5 – Leandro Pereira Fagundes, microempresário: Mães que têm algum tipo de câncer podem amamentar?
 
Respostas de Guilherme Felipe Staudt, oncologista do HU-UFSC: As mulheres com câncer que estão em tratamento oncológico não podem amamentar. Recomendamos que não ocorra a amamentação devido ao risco de transmissão da quimioterapia ou qualquer outra substância por meio do leite materno. Temos poucas informações e faltam estudos justamente para avaliar qual é risco de transmissão destas substâncias e com que concentração isso acontece. De forma geral, é contraindicada amamentação em pacientes que estão em tratamento oncológico. As pacientes que já tiveram diagnóstico de câncer, estão em acompanhamento, com o risco de baixa recidiva e que porventura engravidam, estas podem amamentar sempre com recomendação médica. Precisamos avaliar caso a caso.
 
6 – Sandra Maria da Silva Alvarenga: Quais são os piores tipos de câncer? (quais têm mais risco de mortalidade e dificuldade para tratamento)
 
Resposta de Guilherme Felipe Staudt, oncologista do HU-UFSC: Temos alguns grupos de tumores em que a ciência pouco avançou nas últimas décadas. E, certamente, são doenças agressivas, desafiadoras, muitas dessas silenciosas, que provocam um diagnóstico sempre tardio. A soma destes fatores torna esses tipos de tumores um pouco mais agressivos, com prognóstico pior. A gente poderia citar os tumores do sistema nervoso central, os tumores de fígado, via biliar, estômago e pâncreas e podemos acrescentar os de esôfago, mas que, recentemente, tivemos avanços com drogas-alvo, com o acréscimo da imunoterapia junto à quimioterapia. Estes grupos de tumores do trato gastrointestinal alto, por exemplo, são geralmente identificados tardiamente e trazem outros problemas, comorbidades, uma condição clínica mais frágil e tratamento sempre desafiador. Nós temos tido avanços importantes nos tumores de mama; ovário; avanços fantásticos no melanoma, um tumor de pele mais agressivo; no tumor de rim (até então uma doença órfã de tratamento efetivo), e, recentemente, nos tumores de bexiga.
 
7 – Maria das Dores Oliveira, estilista aposentada: Como é a quimioembolização hepática? Vou ser submetida a este exame e gostaria de saber o procedimento.
 
Resposta de Leonardo Schiavon, hepatologista do HU-UFSC: A quimioembolização é um procedimento do tipo cateterismo realizado principalmente no tratamento dos tumores do fígado. O médico introduz um cateter em uma artéria da perna ou do braço e então ele é movido até uma artéria menor bem junto ao fígado, que está levando sangue para o tumor. Em seguida é injetado um remédio do mesmo tipo usado em algumas quimioterapias tradicionais, só que em dose mais baixa para agir apenas no local.

Também é injetada alguma substância capaz de entupir essa artéria que vai até o tumor. Dessa forma, o tumor é atacado por uma quimioterapia local e por redução do seu suprimento de sangue. A ideia é matar células tumorais. O tempo de internação varia de acordo com a instituição, mas, habitualmente, não passa de 24 horas após o procedimento. Complicações e efeitos colaterais graves não são comuns, mas é sempre importante discutir isso com seu médico antes.
 
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
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