02/06/2023 às 09h46min - Atualizada em 02/06/2023 às 09h46min

Dia do Meio Ambiente: Etecs e Fatecs combatem a poluição por plásticos

Trabalhos com educação ambiental, pesquisas e projetos com polímeros sintéticos são algumas das ações desenvolvidas por estudantes e educadores do Centro Paula Souza.

Redação
Foto: Freepik
Na próxima segunda-feira (5), será comemorado o Dia Mundial do Meio Ambiente, estabelecido pela Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU) em dezembro de 1972. O tema dos debates neste ano são as soluções para a poluição plástica, um problema alarmante em todo mundo, assim como no Brasil.
 
De acordo, com o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2022, elaborado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), cada brasileiro gerou 64 quilos de lixo plástico no ano passado. Em números absolutos, são 13,7 milhões de toneladas de resíduos plásticos gerados em 12 meses, boa parte deles de uso único, aqueles com pouquíssimo tempo de uso e séculos de impacto ambiental.
 
Descartado inadequadamente, os plásticos se tornaram um dos principais poluentes do meio ambiente. O resíduo plástico é o tipo de poluente mais encontrado nos corpos hídricos do planeta: corresponde a 48,5% dos materiais que vazam para os mares.
 
Por meio de pesquisas e projetos, estudantes e educadores das Escolas Técnicas (Etecs) e Faculdades de Tecnologia (Fatecs) estaduais tentam encontrar alternativas para minimizar esse cenário.
 
Gravimetria
Os alunos do 2º ano do curso técnico de Meio Ambiente Integrado ao Ensino Médio da Etec de São Sebastião, por exemplo, estão aliando a pesquisa à reeducação ambiental. A convite da Câmara Municipal da cidade, eles realizaram o estudo de gravimetria dos resíduos gerados pela casa legislativa.
 
Em outras palavras, ao longo de dois meses, os estudantes analisaram amostras de lixo produzido pelos funcionários do legislativo. Se na pesagem o plástico ficou terceiro lugar entre os resíduos encontrados, no volume, o material correspondeu a mais da metade de todo o lixo gerado no local.
 
Também foi aplicado um questionário online para conhecer os hábitos do pessoal da Câmara em relação ao descarte de materiais. “Identificamos uma quantidade muito grande de copos e garrafas plásticas, que poderiam ser perfeitamente substituídos por copos e canecas próprias”, revela uma das estudantes que participou do trabalho, Ana Clara Akemi.
 
Além de apresentar o resultado do estudo no plenário no final de maio, os alunos fizeram uma série de recomendações, como capacitações para mudança de hábitos dos funcionários, separação de lixo (reciclável, orgânico, compostável e rejeito) e implantação de composteiras, entre outras.
 
“Objetivo final é tornar a Câmara uma referência na cidade em educação ambiental e gestão de resíduos”, afirma a coordenadora do curso, Maria Luíza Roselli Carrera Garcez.
 
Materiais alternativos
Estudantes e professores de unidades do Centro Paula Souza (CPS) também trabalham em alternativas para o plástico de origem petroquímica, que leva mais de 400 anos para se decompor no meio ambiente.
 
A professora do curso superior de tecnologia em Polímeros da Fatec Mauá, Rondes Ferreira da Silva Torin, pesquisa plásticos menos poluentes que os convencionais desde 2015. Seu artigo mais recente, publicado em inglês na Multidisciplinary Digital Publishing Institute (MDPI), editora suíça de revistas científicas de acesso aberto, disserta sobre a adição de essência de citronela em embalagens produzidas do poliácido lático sintetizado a partir de fermentação bacteriana da glicose do milho.
 
O artigo é fruto de pesquisa dos tecnólogos em Polímeros formados pela Fatec Mauá, Rafaela Ferreira, Marilia Farina e Anderson Maia, orientada por Torin. Segundo a educadora, os plásticos alternativos são tema constante de pesquisas dos estudantes do curso. “Está totalmente em consonância com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). O material pode ser processado pelos maquinários que já são usados para os polímeros comum”. 
 
De acordo com a pesquisadora, sob condições corretas de iluminação e compostagem, o tempo de decomposição desses plásticos, pode chegar a cerca de seis meses. Além de biodegradáveis, as chamadas embalagens inteligentes, neste caso com a adição da citronela, também prolongam a duração dos alimentos nas prateleiras dos supermercados.
 
Destaques na Febrace
Dois trabalhos de conclusão de curso (TCC) de estudantes de Etecs que envolviam o desenvolvimento de polímeros sintéticos chegaram à final da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace) da Universidade de São Paulo (USP), recentemente.
 
Orientadas pelas professoras Aline Alves Ramos e Thais Taciano dos Santos, Claudia Leal Pereira, Izabella Lima da Silva e Victor Viana Santos, estudantes do curso técnico de Química Integrado ao Ensino Médio da Etec Irmã Agostina, da Capital,, também desenvolveram uma embalagem inteligente: um filme plástico feito à base do amido da batata e utilizando uma substância da beterraba para controle de qualidade em alimentos.
 
O trabalho foi selecionado para a mostra de projetos da 21ª edição da Febrace, realizada em março de 2023. Além disso, foi tema de reportagem do Jornal Nacional da Rede Globo.
 
Já as alunas da Etec Conselheiro Antônio Prado, de Campinas, inconformadas com a quantidade de lixo produzido após uma festa com pratos, talheres e copos de plástico, decidiram propor uma alternativa sustentável aos utensílios descartáveis. Depois de algumas pesquisas, elas desenvolveram um biopolímero a partir do amido extraído do cará-moela, uma espécie de tubérculo que nasce em uma planta trepadeira. Como resultado, obtiveram um material com estrutura semelhante aos produtos plastificados que se mostrou adequado para criar o projeto Bioutensílios.
 
Com orientação da professora Martha Favaro, a proposta das estudantes do curso técnico de Meio Ambiente Integrado ao Ensino Médio, Manuella Cristina Rodrigues Gonçalves e Mariana Cachator Cardoso, também foi classificada para a Febrace em 2021. No ano anterior, foi premiada na 8ª Mostra de Ciências e Tecnologia do Instituto 3M, com o segundo lugar na categoria Ciências Exatas e da Terra.
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