14/12/2022 às 13h27min - Atualizada em 14/12/2022 às 13h27min

Floresta que abriga a maior árvore da América Latina é a quinta unidade de conservação mais desmatada da Amazônia

Localizada no Norte do Pará, a Floresta Estadual (Flota) do Paru é um santuário de árvores gigantes que está muito pressionado pelo avanço do garimpo e pela grilagem.

Redação
Foto: Havita Rigamonti/Imazon e Ideflor
A maior árvore da América Latina e a quarta maior do mundo vive na Amazônia e está ameaçada. É um angelim-vermelho com tamanho equivalente a um prédio de 30 andares e entre 400 e 600 anos. Para chegar até ele, que está na Floresta Estadual (Flota) do Paru, um santuário de árvores gigantes na Amazônia, são necessários 15 dias percorrendo cerca de 400 quilômetros de rios cheios de corredeiras e mais 40 quilômetros a pé pela mata densa. Mas, nem assim o angelim-vermelho está a salvo da escalada do desmatamento A Flota foi a quinta unidade de conservação mais desmatada de toda a Amazônia em outubro, o dado mais recente.
 
Criado em 2006, o território tem 3,6 milhões de hectares e faz parte do maior bloco de áreas protegidas do mundo. Além disso, a Flota do Paru é a terceira maior unidade de conservação de uso sustentável em uma floresta tropical no planeta. Próximo ao angelim-vermelho, com quase 90 metros de altura, outras árvores de 70 a 80 metros foram localizadas. E, somado a essas gigantes, há muitos rios, cachoeiras, montanhas, savanas e uma grande diversidade de paisagens no local.
 
Garimpo e grilagem ameaçam biodiversidade e economia local
A Flota do Paru também é uma área importante para conter as mudanças climáticas e para a preservação da biodiversidade amazônica. Está repleta de espécies da flora e da fauna que só existem nessa região, chamadas de “espécies endêmicas”. Ou seja: com o aumento da derrubada da floresta, elas podem entrar em extinção. “É uma região de formações geológicas recentes e com diversidade de solo, por isso concentra várias espécies diferentes”, afirma Jakeline Pereira, pesquisadora do Imazon e conselheira dessa unidade de conservação.

Além disso, o desmatamento que avança no território coloca em risco atividades econômicas como o ecoturismo, o manejo florestal e o extrativismo, esse último importantíssimo para a geração de renda dos povos e comunidades tradicionais da região. Atualmente, cerca de 300 pessoas vivem do uso sustentável da castanha-do-Pará coletada na floresta.
 
Santuário das árvores gigantes é de responsabilidade do governo do Pará
Nos últimos anos, atividades criminosas como a grilagem e o garimpo aumentaram na Amazônia e estão alcançando a floresta das árvores gigantes. Um levantamento conduzido pelo Imazon identificou 99 Cadastros Ambientais Rurais (CARs) dentro da Flota do Paru, o que indica que essas áreas provavelmente estão sendo alvo de grileiros. "São quase 100 terrenos que foram empossados ilegalmente dentro de terras públicas protegidas", afirma Pereira.
 
A preservação do grande angelim-vermelho e de toda a Flota do Paru depende do governo do Pará, que detém a gestão da área. “As árvores gigantes e a Flota do Paru são um patrimônio dos brasileiros. O governo estadual precisa cancelar de imediato os Cadastros Ambientais Rurais que estão dentro da unidade, fiscalizar e autuar a prática de atividades ilícitas que ocorrem na área de conservação”, afirma Jakeline.
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