08/11/2022 às 13h26min - Atualizada em 08/11/2022 às 13h26min

Possuída

“Tudo que minha mãe fazia ou falava acabava sendo associado na confusão que se montava na minha cabeça, que só aumentava em tamanho e variedade”.

Danielle Ortiz de Avila
Em 19 de julho de 2010, uma nutricionista foi acusada de matar a própria mãe e o cachorro da família na Zona Sul de São Paulo – SP. O caso repercutiu pela tamanha atrocidade, bem como pela circunstância em que o crime ocorreu.
 
Em carta, a mulher alegou que se encontrava em confusão mental no momento do crime, o que foi confirmado posteriormente pela perícia. No dia dos fatos a assassina já encontrava-se em perturbação desde que acordou, se sentido perseguida por grupos, imaginando que até mesmo sua mãe seria a principal mentora.
 
A homicida sempre foi uma pessoa dita como “normal”, conforme os relatos de testemunhas, era tranquila, sociável, religiosa, trabalhadora, e não havia histórico de violência na família. Quando encontrada, estava em cima do telhado toda suja de fezes, sangue e com roupas rasgadas, no seu refúgio logo após o crime.
 
A perícia constatou que a acusada havia sofrido uma epilepsia psicótica no momento da ação, sem saber o que possa ter ocasionado tal manifestação. Frisa-se que pelo contexto religioso o caso foi a legítima “possessão demoníaca”, já que foram uma série de contextos que levavam os religiosos a crer nesta teoria, como vozes, perseguições, visões do Diabo, etc, teoria esta comum principalmente no séc. XX, quando as doenças mentais ainda eram desconhecidas pela sociedade.
 
Assim, pode-se afirmar que a filha assassina não estava acometida de possessão demoníaca  alguma, pelo contrário, contudo também não se pode afirmar que encontrava-se em suas faculdades mentais equilibradas. Na época dos fatos tratava-se de uma pessoa com distúrbios generalizados e que não podia responder pelos seus atos, o que a levou ser internada em um hospital de custódia para tratamento.
 
Danielle Ortiz de Avila é especialista em Direito Penal e Processo Penal, Pós-graduanda em Direito Público e Pesquisadora.
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