25/07/2022 às 14h04min - Atualizada em 25/07/2022 às 14h04min

Preços reduzidos e logística facilitada: Política armamentista de Bolsonaro abastece o PCC

Graças às flexibilizações de Bolsonaro, integrantes de organizações criminosas veem mais vantagem em comprar armas legalmente no Brasil do que por meio do contrabando internacional.

Redação
Por meio de medidas que facilitaram a aquisição, registro, cadastro e posse de armas e munições, Jair Bolsonaro (PL) ajudou facções criminosas locais, como o PCC, a abastecerem seus arsenais de forma a pagar menos e ter logística facilitada, mostra reportagem da coluna do Marcelo Godoy do jornal O Estado de S. Paulo.
 
A partir da alteração, inclusão ou revogação de mais de 300 medidas correlatas ao tema desde o início de seu mandato, o atual chefe do Executivo flexibilizou – e muito – o acesso à licença de colecionador, atirador ou caçador (CAC). Com um certificado de atirador em mãos, é permitida ao cidadão a compra de 30 armas (sendo 15 fuzis de uso restrito) e 6 mil munições por ano. Já o registro de colecionador permite a compra de armas sem limite anual, tendo como única restrição um teto de cinco exemplares de cada modelo disponível.
 
De acordo com o promotor de Justiça Lincoln Gakiya, especialista em combate ao crime organizado, é muito fácil para as facções criminosas “pegar um laranja, tirar o certificado de CAC”. O promotor explicou que, para essas organizações, é mais vantajoso comprar por meios legais no Brasil do que através do contrabando com os vizinhos sul-americanos: “Eles (integrantes do PCC) pagavam de R$ 35 mil até R$ 59 mil num fuzil no mercado paralelo e agora pagam de R$ 12 mil a R$ 15 mil um (fuzil calibre) 556 com nota fiscal.
 
“Imagine o custo, o peso e o trabalho para trazer de helicóptero do Paraguai ou Bolívia 6 mil munições de calibre 556 (usadas em fuzis) se com apenas um CAC você pode fazer isso no Brasil. Compensa e bastante”, complementou Gakiya à coluna do Marcelo Godoy. O especialista também revelou que investigações do Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado (GAECO) descobriram que lideranças de facções criminosas ordenam a seus integrantes a obtenção do registro de CAC para comprar armas legalmente. Há quase nenhuma fiscalização sobre o perfil e os antecedentes criminais do interessado em obter a licença, o que facilita ainda mais aos bandidos.
 
Dados do Instituto Sou da Paz, apurados com a Força Terrestre, mostram que houve um aumento de 262% de cidadãos com certificado CAC no Brasil entre julho de 2019 e março de 2022 – de 167.390 para 605.313 pessoas. Tal número representa uma média de 449 novos registros de CAC por dia.
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