14/02/2022 às 11h01min - Atualizada em 14/02/2022 às 11h01min

Por que o autismo em meninas é menos comum?

Vale ressaltar que mesmo sendo menos comum, a verdade é que existe, sim, autismo em garotas! Porém, elas conseguem “camuflar” os sintomas do TEA por mais tempo que os meninos.

Dr. Clay Brites
As diferenças existentes normalmente quando comparamos comportamentos típicos de homens e mulheres podem fazer com que as meninas tenham o diagnóstico de autismo com mais atraso do que os meninos. Isso faz com que pais, cuidadores e profissionais procurem menos os sintomas de autismo em meninas. Elas têm mais autoconsciência, senso de empatia e tenta “se encaixar” mais socialmente que eles. Isso pode significar que elas têm a capacidade de ‘esconder’ os sintomas do autismo na infância.
 
Entretanto, quando ficam mais velhas e as normas sociais e as amizades se tornam mais difíceis, elas podem encontrar dificuldades para se relacionar e os sintomas passam a ficar mais evidentes. Assim, podem não receber um diagnóstico de autismo até a adolescência. Essa demora no diagnóstico alimenta o mito de que autismo não existe em meninas ou é mais raro. Vale ressaltar que mesmo sendo menos comum, a verdade é que existe, sim, autismo em garotas! Porém, elas conseguem “camuflar” os sintomas do TEA por mais tempo que os meninos.
 
Meninas são naturalmente mais calmas e preferem brincar compartilhando coisas mais do que os meninos. Portanto, meninas preferirem ficar sozinhas pode ser sintoma de autismo. Nos meninos, comportamentos repetitivos e dificuldade em controlar os impulsos podem aparecer com mais frequência do que em meninas autistas.
 
Alguns dos sintomas de dificuldades de comunicação no autismo são: não responder ao seu nome por volta dos 12 meses de idade; preferir não ser segurado ou abraçado; dificuldade em explicar o que eles querem ou precisam; evitar contato visual, entre outros. Outras características do comportamento autista são rotinas rígidas e ações repetidas. Além de dificuldade para se adaptar a uma mudança na rotina; preferir lidar com objetos ou brinquedos do que pessoas; ficar se balançando de um lado para o outro.
 
Após as garotas autistas receberem o diagnóstico correto, elas podem receber terapia comportamental e planos de aula especializados, mas são essencialmente os mesmos serviços oferecidos a um menino na mesma situação. Mas mulheres com autismo são fundamentalmente diferentes dos homens com autismo pois elas ficam mais preocupadas com seu entorno e mais depressivas.
 
Os sintomas do TEA podem ser os mesmos para ambos, mas quando se cruzam com o gênero, a experiência de vida de uma mulher com autismo pode ser diferente da de um homem com a mesma condição trazendo sofrimentos diferentes e desfechos distintos. O diagnóstico precoce é sempre melhor opção. Por isso, ao notar qualquer sinal relacionado ao autismo questione o pediatra sobre a necessidade de uma pesquisa mais profunda para evitar um diagnóstico tardio.
 
Dr. Clay Brites é Pediatra e Neurologista Infantil (Pediatrician and Child Neurologist); Doutor em Ciências Médicas/UNICAMP (PhD on Medical Science); Membro da ABENEPI-PR e SBP (Titular Member of Pediatric Brazilian Society); Speaker of Neurosaber Institute.
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