19/12/2019 às 13h12min - Atualizada em 19/12/2019 às 13h12min

Legalização do jogo de azar deve fazer mais do que financiar saúde, alerta pesquisador

Para professor da Universidade Positivo, mudança na lei, que é dada como certa, deve ser utilizada para alavancar desenvolvimento de destinos turísticos e educação.

Na América do Sul, somente Brasil e Equador ainda não permitem os cassinos e outras modalidades de jogos de azar. Foto: Pixabay/Banco de Imagens.

A proibição dos jogos de azar no Brasil está com os dias contados. Tramitam na Câmara dos Deputados oito projetos de lei que legalizam casinos, bingos e outras modalidades. Um levantamento realizado em maio deste ano indica que um número significativo de deputados federais já é favorável à mudança na lei. A iniciativa com o maior número de partidos apoiadores é a que propõe direcionar a programas de saúde 15% do faturamento dos bingos (PL 3489/2008). Mas para o professor Dario Paixão, coordenador-geral da Pós-Graduação e Educação Continuada da Universidade Positivo, a legalização pode trazer outros benefícios ao Brasil, que também precisam ser considerados, com atenção para o equilíbrio entre vantagens e impactos.

“Nunca estivemos tão perto do retorno dos casinos ou da legalização do jogo de azar no Brasil”, avalia Dario Paixão, que também é pesquisador do turismo. No levantamento feito pela Paraná Pesquisas, que consultou uma amostra formada por 238 deputados federais (46% do total de parlamentares, que é de 513), 52% declararam-se favoráveis à aprovação do jogo de azar e 7% afirmaram estar indeciso. Quanto à melhor forma de aproveitamento de parte da receita proveniente do jogo para atendimento a demandas da sociedade - um ponto em comum para a maioria dos projetos em tramitação na Câmara - o professor acredita que direcionar esses recursos apenas para a saúde não é a melhor alternativa.

“O que mais ocorre em outros países é o financiamento de infraestrutura para as cidades onde há o jogo”, afirma Dario Paixão, que considera importante também priorizar a educação. “Também é necessário utilizar parte desses recursos para apoiar pesquisa, qualificação de mão-de-obra, até mesmo nas áreas que serão beneficiadas, como turismo e hotelaria”, acrescenta. Ele reconhece, no entanto, que é preciso destinar uma parte destes recursos para tratamento de viciados em apostas, um impacto negativo desse tipo de atividade, mas que, considerando os exemplos de outros países, não inviabiliza a liberação do jogo.

Para o professor e pesquisador, que estuda há bastante tempo o tema cassinos, nem todas as modalidades de jogos de azar que podem ser legalizadas no Brasil têm o mesmo potencial de gerar os mesmos benefícios para a sociedade. “Os cassinos podem ajudar no desenvolvimento de centros turísticos de qualidade, mais competitivos, principalmente resorts. Bingo, jogo do bicho, casas de apostas, máquinas caça-níqueis, por outro lado, são formas de arrecadar dinheiro da comunidade local e não de quem está nos visitando”, analisa.

Especificamente sobre os cassinos, Dario Paixão destaca o modelo adotado no Chile como um dos melhores e opção que deve ser considerada pelo Brasil. Naquele país, explica o professor, existem poucos cassinos, sendo que todos devem estar localizados em regiões turísticas. "Os cassinos não são a 'salvação da lavoura', mas podem ajudar algumas cidades a se tornarem destinos turísticos mais competitivos", observa.

Na América do Sul, somente Brasil e Equador ainda não permitem os cassinos e outras modalidades de jogos de azar. “Precisamos enfrentar a realidade de que muitas pessoas jogam daqui no Brasil em sites da internet, viajam para jogar, jogam em cruzeiros que levam o dinheiro para outros países. Com coragem, temos que responder qual a presença apropriada e o papel do jogo na sociedade brasileira”, ressalta o professor e pesquisador da Universidade Positivo.


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