11/12/2019 às 15h50min - Atualizada em 11/12/2019 às 16h22min

Com pior ano da década, setor ferroviário encara 2020 em luta contra o desmonte

Para Vicente Abate, presidente da ABIFER, a ociosidade da indústria ferroviária encontra-se perto de dramáticos 90%.

A Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (ABIFER) recebeu a imprensa na manhã desta quarta-feira (11), para um balanço do que foi o ano para o setor de cargas e passageiros sobre trilhos, e quais as perspectivas para 2020.

Se as perspectivas para 2019, feitas no ano passado, eram pessimistas, a realidade, no entanto, mostrou-se muito pior do que o imaginado.

Segundo Vicente Abate, os baixos volumes de entregas de vagões de carga, locomotivas e carros de passageiros em 2019 bateram a pior marca dos últimos 10 a 12 anos.

“A ociosidade da indústria ferroviária encontra-se perto de dramáticos 90%”, destacou Abate, que aponta que na área de passageiros a indústria completou seis anos sem qualquer encomenda significativa no mercado nacional. De acordo com o presidente da ABIFER, a ociosidade significou desemprego na indústria ferroviária: nos últimos anos perdeu 15% da força de trabalho, cerca de 3 mil trabalhadores .

Pelos dados apresentados hoje, em 2018 o mercado doméstico consumiu apenas 48 carros fabricados no Brasil para a SuperVia, além de 64 importados pela CPTM. Abate afirma que a indústria tem sobrevivido de algumas exportações.

A concorrência da China tem sido um problema para a indústria baseada no país. O setor tem forte expectativa para 2020 quanto à encomenda dos equipamentos para a Linha 17-Ouro de monotrilho do Metrô de São Paulo - espera-se que ela seja confirmada para a indústria nacional.

Além disso, a ABIFER aguarda para 2020 as retomada das obras da Linha 6-Laranja do Metrô de São Paulo.

Da mesma forma, outra expectativa do setor, segundo Abate, fica por conta das aguardadas licitações da CPTM para 34 trens, e do Metrô de São Paulo, de outros 44. Para equiparar a concorrência com os fabricantes de fora, a ABIFER luta por isonomia tributária. Segundo documento apresentado pela entidade, em parceria com o Sindicato Interestadual de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários (SIMEFRE), alguns estados têm aplicado a imunidade tributária na importação, o que leva a uma concorrência injusta com o produto nacional, suprimindo empregos e renda no Brasil.

As entidades estão apostando agora na recente decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) que aprovou a renovação antecipada da Rumo Malha Paulista. Com isso, afirma Abate, o volume de vagões poderá se elevar para cerca de 2 mil unidades em 2020. Para se ter ideia do que isso significa, em 2019 esse volume ficará abaixo de mil unidades (contra 2.556 vagões em 2018).

O quadro continua desanimador em 2020, no entanto, para locomotivas e carros de passageiros: no primeiro caso, apenas 40 unidades (em 2018 foram 64, e em 2019 a metade, 34). Já para carros de passageiros, 126 unidades (contra 312 em 2018, e 104 em 2019), sendo que 70% destinados à exportação para o Chile.

A expectativa agora é que o caso da Rumo sirva de paradigma para a antecipação das demais renovações de concessões, o que poderá injetar recursos na indústria e gerar encomendas vultosas.

Ao final do encontro, Abate renovou suas esperanças de que as autoridades terão bom senso para preservar a indústria ferroviária instalada no país, interrompendo uma operação de desmonte que já está em curso.


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