Documentos obtidos com exclusividade pela Agência Sportlight de Jornalismo Investigativo através da Lei de Acesso à Informação revelam que o terreno conhecido como “Camboatá”, em Deodoro, local escolhido para construção do novo autódromo do Rio de Janeiro - RJ, é um campo minado. Local serviu como paiol de armas e para treinamento militar do Exército no passado.
Conforme diz a reportagem assinada por Lúcio de Castro, trechos do “Relatório Final da Força Tarefa Camboatá”, elaborado pelo “1º Batalhão de Engenharia de Combate” e encaminhado ao “Comando Militar do Leste”, citam 167 mil artefatos e estilhaços de granadas e explosivos localizados e neutralizados no “imóvel Camboatá” no período dessa varredura de 2014 e 2015.
Ainda de acordo com a matéria, “nem mesmo a operação de descontaminação mecanizada e manual realizada pelo 1º Batalhão de Engenharia de Combate em 2014 e 2015, quando se realizou a detecção, varredura, limpeza e neutralização de artefatos é capaz de assegurar risco zero e total ausência de tais artefatos”.
O texto também fala que “Conforme consta do Relatório Final da Força-Tarefa Camboatá, elaborado pelo 1º BE CMB e encaminhado ao Comando do CML, as áreas permanentemente alagadas e os cursos d’água não foram objeto de varredura, levando-se em conta a limitação do material e da técnica para execução da tarefa”.
Segundo especialista ouvido pela reportagem e que preferiu não se identificar, nem mesmo na área em que foi realizada a varredura é possível 100% de garantia.
Há, ainda, outro problema, mais de 180 mil árvores poderão ser derrubadas na Floresta do Camboatá caso a Prefeitura do Rio de Janeiro construa no local o novo autódromo da cidade. Ingás, ipês, angicos, jacarandás, cambarás e quaresmeiras estão entre as espécies. Contudo, a devastação pode ser evitada, com a escolha de uma outra área próxima, segundo o Ministério Público Federal (MPF).
A questão é antiga. Em 2 de agosto 1958, houve uma grande explosão no paiol das forças armadas no bairro de Deodoro. O fato até gerou a expressão “Abalou Bangu”. Porque foi algo de muito impacto, então as pessoas diziam que o estrondo foi tão grande que “abalou de Deodoro até Bangu”. Com o tempo o “abalou até Bangu”, virou apenas “abalou Bangu”.
Nos últimos meses, Jair Bolsonaro (Sem Partido), o governador do Rio, Wilson Witzel (PSC) e o prefeito, Marcelo Crivella (Republicanos), se mostraram favoráveis à construção do autódromo de Deodoro.