Absorventes menstruais foram distribuídos neste sábado (9) para pessoas em vulnerabilidade social em São Paulo. A ação começou no Viaduto Alcântara Machado, no Centro, e foi promovida pelo padre Júlio Lancelotti, da Pastoral do Povo de Rua, e pelo grupo feminista “Juntas”.
Rosângela dos Santos, que vive nas ruas há um ano, afirmou que nem sempre é possível comprar o item de higiene pessoal.
Moradoras de uma ocupação na Zona Leste também receberam os absorventes. Ao todo, quinhentos pacotes foram distribuídos.
“É uma necessidade básica e é um direito humano fundamental, direito à saúde menstrual, à saúde, à dignidade. Muitas vezes elas têm que usar papel higiênico, jornal ou algum outro expediente que é indigno, que é incompatível com a dignidade humana”, afirmou Lancelotti.
Desde 2014, a Organização das Nações Unidas (ONU) considera o acesso à higiene menstrual um tema que precisa ser tratado como questão de saúde pública e de direitos humanos.
O problema afeta até a educação das adolescentes. Dados da ONU mostram que, no mundo, uma em cada dez alunas não vai para aula no período menstrual. No Brasil, a situação é ainda mais grave: uma entre quatro estudantes já deixou de frequentar a escola por não ter absorvente.
Claudia Dagmar está desempregada e tem seis filhos. Três são meninas adolescentes. Sem casa há três anos, elas se viram como dá. Todos os meses, sem a garantia de poder comprar absorventes, elas convivem com o desconforto e os riscos para a saúde.
“Tem que tentar se virar. Rasgar um pano velho, tentar se virar do jeito que pode, né? É o jeito, mas é arriscado pegar infecção. Porque absorvente é uma coisa necessária”, diz Cláudia.
Jair Bolsonaro (Sem Partido) vetou nesta quinta-feira (7) a distribuição gratuita de absorventes íntimos. A decisão trouxe novamente ao debate o conceito de “pobreza menstrual” e a dificuldade de promover políticas públicas capazes de acolher estudantes de baixa renda de escolas públicas e pessoas em situação de rua ou de vulnerabilidade extrema.