09/10/2021 às 22h30min - Atualizada em 09/10/2021 às 22h30min

Após veto de Bolsonaro, absorventes menstruais são distribuídos neste sábado (9) em São Paulo – SP

Ação pretende chamar atenção sobre pobreza menstrual. Presidente vetou na quinta-feira (7) projeto de distribuição gratuita de absorventes íntimos.

Absorventes menstruais foram distribuídos neste sábado (9) para pessoas em vulnerabilidade social em São Paulo. A ação começou no Viaduto Alcântara Machado, no Centro, e foi promovida pelo padre Júlio Lancelotti, da Pastoral do Povo de Rua, e pelo grupo feminista “Juntas”.

Rosângela dos Santos, que vive nas ruas há um ano, afirmou que nem sempre é possível comprar o item de higiene pessoal.

“Às vezes tem que colocar duas calças, uma em cima da outra para não manchar. Ou usar papel higiênico quando eu não tenho. Aí fica chato, né? Eu tenho esse pitoquinho aqui (aponta para o filho no colo), ele não para e acaba incomodando. Não é fácil para mim”, afirmou ao receber a doação.

Moradoras de uma ocupação na Zona Leste também receberam os absorventes. Ao todo, quinhentos pacotes foram distribuídos.

“É uma necessidade básica e é um direito humano fundamental, direito à saúde menstrual, à saúde, à dignidade. Muitas vezes elas têm que usar papel higiênico, jornal ou algum outro expediente que é indigno, que é incompatível com a dignidade humana”, afirmou Lancelotti.

A ação deste sábado pretende chamar a atenção para a pobreza menstrual, assunto que ganhou visibilidade após o veto do presidente Jair Bolsonaro a um projeto de lei que previa a distribuição gratuita dos itens.

Desde 2014, a Organização das Nações Unidas (ONU) considera o acesso à higiene menstrual um tema que precisa ser tratado como questão de saúde pública e de direitos humanos.

O problema afeta até a educação das adolescentes. Dados da ONU mostram que, no mundo, uma em cada dez alunas não vai para aula no período menstrual. No Brasil, a situação é ainda mais grave: uma entre quatro estudantes já deixou de frequentar a escola por não ter absorvente.

Claudia Dagmar está desempregada e tem seis filhos. Três são meninas adolescentes. Sem casa há três anos, elas se viram como dá. Todos os meses, sem a garantia de poder comprar absorventes, elas convivem com o desconforto e os riscos para a saúde.

“Tem que tentar se virar. Rasgar um pano velho, tentar se virar do jeito que pode, né? É o jeito, mas é arriscado pegar infecção. Porque absorvente é uma coisa necessária”, diz Cláudia.

Jair Bolsonaro (Sem Partido) vetou nesta quinta-feira (7) a distribuição gratuita de absorventes íntimos. A decisão trouxe novamente ao debate o conceito de “pobreza menstrual” e a dificuldade de promover políticas públicas capazes de acolher estudantes de baixa renda de escolas públicas e pessoas em situação de rua ou de vulnerabilidade extrema.


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