06/09/2021 às 12h17min - Atualizada em 06/09/2021 às 12h17min

Carta assinada por lideranças de 26 países alerta para risco à democracia brasileira nos atos de 7 de Setembro

O documento chama os atos de “insurreição” e cita os “temores de um golpe na terceira maior democracia do mundo”.

Ex-presidentes e parlamentares de 26 países assinaram uma carta alertando sobre os riscos das manifestações bolsonaristas marcadas para o dia 7 de setembro, Dia da Independência. No documento, os líderes mundiais chamam de "insurreição" os protestos convocados por Jair Bolsonaro (sem partido), podendo “colocar em risco a democracia no Brasil”.

Entre os mais de 150 líderes mundiais que assinaram a carta, estão os ex-presidentes José Luiz Rodriguez Zapatero, da Espanha, Fernando Lugo, do Paraguai, Ernesto Samper, da Colômbia, e Rafael Correa, do Equador. Além de parlamentares de países como Estados Unidos, Reino Unido, França, Austrália, México, Chile, Uruguai, Equador, Grécia e Nova Zelândia. Entre os signatários também estão os professores Noam Chomsky e Cornel West, dos Estados Unidos, o ganhador do prêmio Nobel da Paz, o argentino Adolfo Pérez Esquivel, e o vice-presidente do Parlamento do Mercosul, Oscar Laborde.

“O presidente Jair Bolsonaro e seus aliados – incluindo grupos supremacistas, polícia militar e servidores públicos em todos os níveis do governo – estão preparando uma marcha nacional contra a Suprema Corte e o Congresso em 7 de setembro, alimentando temores de um golpe na terceira maior democracia do mundo”, declararam os membros do Progressive International, rede global progressista que luta para conter o avanço da direita no mundo, responsáveis pela coordenação do documento.

Na carta, os líderes ainda citam a preocupação com ameaças golpistas comentadas pelo governante brasileiro, como o cancelamento das eleições de 2022, caso não haja a adoção do voto impresso. Para os políticos, a defesa da democracia no Brasil deve ser uma luta para além do dia dos atos convocado por Bolsonaro. “Estamos seriamente preocupados com a ameaça iminente às instituições democráticas do Brasil – e estamos vigilantes para defendê-las antes e depois do dia 7 de setembro”, afirmaram.

A relação completa dos 26 países que assinaram o documento, conta com Alemanha, Argentina, Austrália, Bélgica, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Equador, Espanha, EUA, França, Grécia, Guatemala, Itália, México, Nova Zelândia, Panamá, Paraguai, Peru, Reino Unido, República Dominicana, Suíça e Uruguai.

Leia, abaixo, a íntegra da carta:

“Nós, representantes eleitos e líderes de todo o mundo, estamos soando o alarme: em 7 de setembro de 2021, uma insurreição colocará em risco a democracia no Brasil. No momento, o presidente Jair Bolsonaro e seus aliados – incluindo grupos de supremacia branca, polícia militar e funcionários públicos em todos os níveis do governo – estão preparando uma marcha nacional contra a Suprema Corte e o Congresso em 7 de setembro, alimentando temores de um golpe na terceira maior democracia do mundo. O presidente Bolsonaro intensificou seus ataques às instituições democráticas do Brasil nas últimas semanas. Em 10 de agosto, ele dirigiu um desfile militar sem precedentes pela capital, Brasília, enquanto seus aliados no Congresso promoviam reformas radicais no sistema eleitoral do país, amplamente considerado um dos mais confiáveis ??do mundo. Bolsonaro e seu governo ameaçaram – várias vezes – cancelar as eleições presidenciais de 2022 se o Congresso falhar.

Agora, Bolsonaro convoca seus seguidores a viajarem a Brasília no dia 7 de setembro, em um ato de intimidação às instituições democráticas do país. De acordo com uma mensagem transmitida pelo presidente em 21 de agosto, a marcha é a preparação para um “contragolpe necessário” contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal. A mensagem afirmava que a “constituição comunista” do Brasil tirou o poder de Bolsonaro e acusou “o Judiciário, a esquerda e todo um aparato de interesses ocultos” de conspirar contra ele. Membros do Congresso no Brasil alertaram que a mobilização de 7 de setembro teve como modelo a insurreição na capital dos Estados Unidos em 6 de janeiro de 2021, quando o então presidente Donald Trump encorajou seus partidários a “parar o roubo” com falsas alegações de fraude eleitoral em eleições presidenciais de 2020. Estamos seriamente preocupados com a ameaça iminente às instituições democráticas do Brasil – e estamos vigilantes para defendê-las antes de 7 de setembro e depois. O povo brasileiro tem lutado por décadas para proteger a democracia do regime militar. Bolsonaro não deve ter permissão para roubá-lo agora”.


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