27/08/2021 às 16h04min - Atualizada em 27/08/2021 às 16h04min

Crise energética e risco de racionamento exigem investimento em alternativas de captação de energia

Luz elétrica deve sofrer novo reajuste tarifário em setembro.

Um novo reajuste na conta de luz tocará a campainha dos brasileiros, em setembro. A crise energética que atinge o Brasil, umas das piores dos últimos 91 anos, provocada pela falta de chuvas, preocupa autoridades e continuará pesando no bolso dos contribuintes.

As chuvas que movimentam as usinas hidrelétricas, a principal matriz do País, não chegaram com a força necessária e existe o risco cada vez maior de um novo racionamento, como ocorreu em 2001.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) mantém a bandeira tarifária vermelha patamar 2 – cobrança adicional aplicada às contas de luz realizada quando aumenta o custo de produção de energia, desde junho.

Apesar da piora nas condições hídricas e, consequentemente na geração, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, descartou a possibilidade de racionamento.

A Confederação Nacional da Indústria fez um levantamento com 572 empresas do País e constatou que nove em cada dez empresários estão preocupados com a crise hídrica que afeta o setor elétrico.

O principal temor (83%) é o aumento do custo da energia. Outros 63% se dizem preocupados com o risco de racionamento; 61% com a possibilidade de instabilidade ou de interrupções no fornecimento e 62% consideram que é provável ou certo que haverá racionamento ou restrições de atendimento em 2021.

Investimento em Usinas Solares

Por outro lado, o Brasil ultrapassou este mês a marca de 10 gigawatts de potência operacional da fonte fotovoltaica em usinas de grande porte e em pequenos e médios sistemas instalados em telhados, fachadas e terrenos, de acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar).

A geração de energia limpa deixou de emitir 10,7 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera. As usinas solares de grande porte geram eletricidade a preços até dez vezes menores do que as termelétricas emergenciais ou a energia elétrica importada de países vizinhos.

O País passou a fazer parte dos 15 países com maior capacidade de geração solar instalada, lista liderada pela China (253,8 GW), seguida pelos Estados Unidos (73,8 GW) e Japão (68,6 GW).

A energia fotovoltaica é a captada do sol. O termo é formado a partir das palavras “foto”, que em grego significa “luz”, e voltaica, que vem da palavra “volt”, a unidade para medir o potencial elétrico. Ela pode ser utilizada em qualquer equipamento doméstico, gerando uma redução na conta de energia.

Os painéis que compõem seus sistemas são constituídos por camadas de várias células, geralmente de silício. Quando a camada mais fina, de carga negativa, é atingida pelos raios solares e absorve fótons (partículas energéticas) suficientes, seus elétrons são transferidos para a camada mais grossa, de carga positiva.

Assim é criada uma diferença de potencial entre as duas camadas, ou seja, enquanto há incidência de sol, a associação das várias células fotovoltaicas e sua ligação a uma carga geram a circulação de elétrons pelo circuito e, consequentemente, corrente elétrica.

Como a produção está diretamente ligada à luz absorvida, a quantidade produzida se modifica de acordo com a estação do ano e o local onde o painel é instalado.

Construção Civil

A construção civil é um setor que tem opções para amenizar o problema do fornecimento de energia ao utilizar nos imóveis o sistema fotovoltaico, que além de gerar redução no valor da conta de luz, ainda é sustentável.

De acordo com Luigi Scianni Romano, sócio-fundador da Incorporadora Alphaz Concept, todos os empreendimentos da Alphaz vêm com o sistema fotovoltaico. "Às vezes, dependendo do empreendimento, onde as pessoas têm muitos aparelhos de ar-condicionado, geladeiras, freezers e saunas não conseguimos suprir tudo isso só com energia solar. Nós colocamos um sistema híbrido que chamamos de Off-Grid/On-Grid, onde parte da energia alimentada pelo fotovoltaico como área comum, jardim, garagem, alguma tomada, televisão e o resto alimentado pela energia convencional", afirma Romano. O sistema é muito mais completo, pois no caso das placas fototérmicas comuns, elas apenas armazenam o calor da luz solar para aquecer um chuveiro, por exemplo.

Off-Grid/On-Grid

O que Romano cita é que as casas do empreendimentos da Alphaz trazem – os dois sistemas (Off-Grid/On-Grid), é uma inovação, já que hoje no Brasil praticamente não existe esse tipo de produto. Ou você trabalha Off-Grid na malha rural dependendo exclusivamente da energia solar ou trabalha On-Grid, onde você monta no telhado de sua casa uma usina e isso é distribuído na rede ou na concessionária local e depois vem uma redução na conta de luz.

“Nosso sistema trabalha de uma maneira dupla, onde você pode ter economia com uma parte que não está na rede e outra parte da casa abastecida pela concessionária. Isso pode ser ajustado, pois se você não está gastando muita energia você liga o Off-Grid e se está gastando muito volta para o outro ou trabalha com as duas simultaneamente”, disse.

Moradores de Itupeva – SP já enfrentavam problemas antes da crise

Moradores da cidade de Itupeva – SP, nem precisaram esperar a crise para enfrentar problemas com o fornecimento e queda de energia nas suas casas. Um exemplo é o empresário Maucir Nascimento que transferiu o escritório da Capital para lá e todos os funcionários começaram a trabalhar de casa. Ele tem sido afetado frequentemente pelo problema.

O condomínio onde mora já é conhecido como “luz cai muito”. Os moradores já fizeram suas queixas no Reclame Aqui, na CPFL (concessionária de energia local) e na Aneel, agência reguladora. “Inclusive eu já fiz diversas reclamações nesses três ou quatro meses que estou no interior”, disse Nascimento.

Nascimento destacou que a desculpa é sempre que a linha de transmissão passa em lugares que tem muito verde e ocorre queda de árvores nos cabos. Mas mesmo sendo de conhecimento da prestadora, o problema não é solucionado.

De acordo com pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em novembro do ano passado, já se tratava de 7,3 milhões de pessoas trabalhando remotamente no país, de acordo com pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). E a falta de energia gera obstáculos para quem trabalha em home office e, consequentemente, gera prejuízos também para as empresas que estes profissionais representam.

A falta de luz afeta tanto durante o trabalho remoto como no cotidiano dos moradores. “Na minha casa tudo funciona à eletricidade: até o fogão e forno. Não tenho nada de gás em casa”, ressalta. De acordo com ele, uma vizinha, que utiliza respirador, tem que ir à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) toda vez que falta energia. “Agora além de ficar sem luz, vamos ter que pagar mais pela energia que mal recebemos”, desabafa Maucir.


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