18/08/2021 às 23h20min - Atualizada em 18/08/2021 às 23h20min

Governo interino da Bolívia torturou e executou opositores, diz relatórios de direitos humanos

Relatório da Organização dos Estados Americanos (OEA) aponta que no período quando Jeanine Áñez ficou no poder, governo perseguiu opositores e cometeu uma série de abusos.

Um relatório encomendado pela Organização dos Estados Americanos (OEA) e apresentado na última terça-feira (17) aponta que o governo interino da Bolívia perseguiu, torturou e executou opositores enquanto ficou no poder entre 2019 e 2020. O evento onde os dados foram revelados tinha a presença do atual presidente boliviano Luis Arce.

O relatório de 471 páginas foi produzido por especialistas em direitos humanos após analisar dados e pesquisar os eventos em torno da disputada votação presidencial de 2019. Na época, Evo Morales buscava um quarto mandato como presidente da Bolívia, o que gerou uma onda de protestos no país, que foram estimulados pelas alegações de fraude.

Um outro relatório da OEA mostrou irregularidades nas eleições, que foi usado pela oposição para pressionar a renúncia de Morales. Um estudo concluiu que houve falhas na apresentação dos dados do documento.

Com a saída de Morales, um governo interino assumiu sob o comando de Jeanine Áñez, que era a segunda vice-presidente do Senado boliviano. No ano que ficou no poder, foram cometidos abusos generalizados pelas forças de segurança que atuavam sob ordens do governo.

Além dos abusos, o relatório também detalhou exemplos de força excessiva por parte da polícia, incluindo o uso de munição letal para suprimir líderes partidários desarmados de Morales que foram às ruas. Pelo menos 20 pessoas foram mortas em dois incidentes que os especialistas caracterizaram como “massacres”. Eles agiram sob a autoridade de um decreto assinado por Áñez garantindo anistia para aqueles que trabalham para restabelecer a ordem pública.

“Não queremos vingança. Queremos justiça”, disse Georgina Siles, que estava no evento, cujo filho Omar foi morto depois de ser baleado na cidade de Sacaba.

Os especialistas acusam o governo de Áñez de usar o poder judiciário e as forças de segurança para perseguir oponentes, na maioria das vezes, com base em evidências frágeis.

O diagnóstico dos especialistas é que a profunda polarização política após as mudança na constituição feitas por Morales em busca de um quarto mandato, racismo profundo contra indígenas e instituições tradicionalmente fracas foram os fatores que provocaram esses cenário.

Em março deste ano, Áñez foi detida por ser suspeita de ter conspirado para o golpe que culminou na renúncia do ex-presidente Evo Morales. A Justiça determinou sua prisão preventiva por quatro meses. Ela deixou o cargo depois de perder as eleições em novembro de 2020.


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