Numa época em que figuras femininas não costumavam ter destaque na sociedade e na história, Ana Maria de Jesus Ribeiro da Silva mudou o curso de sua vida ao conhecer o italiano Giuseppe Garibaldi. Com apenas 18 anos se uniu aos farroupilhas sulistas que desejavam separar-se do Brasil e fundar uma República.
“O fato de ser uma figura feminina lutando como soldado, ativa e bravamente, contribuiu para conferir à Anita a importância que a figura tem em nossa história. Se considerarmos a época em que viveu e as atitudes que tomou, Anita rompeu padrões em uma sociedade em que mulheres estavam relegadas a tarefas domésticas e familiares”, analisa o coordenador editorial do Sistema Positivo de Ensino, Norton Nicolazzi Junior.
Depois de lutar ao lado do novo companheiro no Brasil e também no Uruguai, Anita e Garibaldi seguiram para o país natal de Garibaldi, a Itália, onde novamente se envolveram na luta armada, desta vez pela unificação da península italiana. Já com 4 filhos de Garibaldi, Anita mais uma vez não aceitou ficar em casa e seguiu com o companheiro para lutar contra austríacos e franceses. Mesmo doente, Anita se recusou a abandonar as tropas. A guerreira morreu aos 28 anos, grávida do quinto filho. Seu mausoléu está em Roma, capital italiana, onde é tratada como uma das heroínas que se sacrificaram para que a Itália se tornasse um país unificado.
“Certamente, a participação como um soldado bravo e guerreiro, sendo mulher, a destaca na história da Revolução Farroupilha, aqui no Brasil e, em seguida, na luta pela unificação da Itália. O fato de estar casada com Giuseppe Garibaldi, figura importante nesses contextos, também conferiu a ela, na época, prestígio e proeminência em meio às tropas”, afirma Nicolazzi.
Decretos estaduais no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina estabelecem comemorações pelos 200 anos de nascimento da heroína. Um concurso literário organizado pela Biblioteca Pública de Santa Catarina pretende promover a memória de Anita. Outros eventos, como exposições e mostras de filmes sobre a personagem também prestigiam sua história, bastante conhecida no Sul do Brasil.
Para aqueles que querem conhecer um pouco mais da vida e trajetória de Anita, Nicolazzi lista uma seleção de filmes, séries e livros que contam a história da heroína.
Direção: Olindo Estevam
O filme narra a história de Anita Garibaldi, que após casar-se, aos 14 anos, com Manuel Duarte de Aguiar, conhece o revolucionário italiano Giuseppe Garibaldi, por quem se apaixona. Decidida, ela se separa e casa com o italiano. Ao seu lado, vai se tornar uma heroína ao lutar contra o regime imperial.
Filme: Anita e Garibaldi (2013)
Direção: Alberto Rondali
A narrativa traz Giuseppe Garibaldi com 32 anos, comandante dos rebeldes republicanos que invadem Laguna, Santa Catarina, durante a Guerra dos Farrapos (1835 - 1845). Ele encontra sua alma gêmea em Anita, 18 anos, esposa do sapateiro local. Entre a paixão e as batalhas, eles definem o rumo de suas vidas e influenciam o curso da revolução.
Série: A casa das sete mulheres (2003)
Direção: Jayme Monjardim
Minissérie brasileira produzida e exibida pela TV Globo em 51 capítulos. As mulheres da família de Bento Gonçalves vivem as dificuldades e os dramas da guerra durante o conflito dos Farrapos. Anita Garibaldi é uma dessas mulheres.
Autores: Marco Tomatis e Loredana Frescura
Editora Fundamento
Biografia da personagem que dá destaque ao relacionamento de Anita com Giuseppe. A menina que desafiava os costumes encontrou seu norte em Giuseppe Garibaldi - uma paixão arrebatadora que uniu dois mundos. Almas gêmeas no amor e na ideologia, Anita e o "pirata italiano" buscaram a liberdade do povo e encontraram lugar na História do Brasil e da Itália.
Livro: Anita Garibaldi, uma heroína brasileira (1999)
Autor: Paulo Markun
Editora Sebac
A obra mostra que na vida da brasileira Anita Garibaldi, parece não haver limite entre ficção e realidade. Personalidade indissociável de seu marido - o aventureiro italiano Giuseppe Garibaldi, Anita foi uma figura cativante de mulher e guerreira, traços recuperados por esta biografia fartamente ilustrada, em que a objetividade da comunicação do jornalista se alia ao rigor da pesquisa histórica.