26/07/2021 às 13h08min - Atualizada em 26/07/2021 às 13h08min

Enfraquecido, Bolsonaro segue o caminho de Collor, diz analista

“Cada vez mais o governo Bolsonaro se parece com o governo Collor. Bolsonaro está adotando um caminho muito parecido. Não significa que, necessariamente, teremos um impeachment. Mas mostra um governo cada vez mais enfraquecido”, diz o professor da FGV Cláudio Couto.

De acordo com o cientista político e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Cláudio Couto, o governo Bolsonaro está cada vez mais enfraquecido. Acuado, Bolsonaro busca reforçar a aliança com o Centrão para tentar barrar as ameaças de impeachment.

O analista comparou a chegada do senador Ciro Nogueira (PP) para assumir o comando da Casa Civil ao “ministério de notáveis” do governo do ex-presidente Fernando Collor de Mello, em 1992, que visava garantir governabilidade a um governo em crise.

“Cada vez mais o governo Bolsonaro se parece com o governo Collor. Bolsonaro está adotando um caminho muito parecido. Não significa que, necessariamente, teremos um impeachment. Mas mostra um governo cada vez mais enfraquecido”, disse Couto.

Em entrevista a Glauco Faria, para o jornal Brasil Atual, nesta segunda-feira (26), Couto apontou que as ameaças dos militares à democracia somaram mais um motivo que ajudou a levar pessoas a saírem às ruas para protestar contra o governo no último sábado (24).

Apesar da entrada de Ciro Nogueira ser uma tentativa de melhorar o diálogo do governo com o Congresso Nacional, Couto afirma que pode não ser suficiente. Isso porque o governo Bolsonaro é “tóxico”, em termos eleitorais, inclusive para os políticos integrantes do Centrão.

“Até porque Bolsonaro vai seguir sendo Bolsonaro. Os problemas que ele produz, para si próprio e para a sua administração, vão continuar. Não é a ida de Ciro Nogueira que vai resolver o problema”, comentou o analista.

Contudo, mesmo diante do enfraquecimento contínuo, Couto alerta que o governo Bolsonaro ainda tem potencial para causar danos às instituições democráticas. Ele afasta a possibilidade de uma ruptura institucional clássica, aos moldes do golpe de 1964, apesar das ameaças dos militares. Contudo, ele teme que grupos bolsonaristas possam criar um cenário de violência política durante as eleições do ano que vem.

O risco é que grupos milicianos, setores das polícias e grupos de atiradores bolsonaristas possam produzir uma “confusão imensa”. E esse risco aumenta na medida em que as chances de reeleição de Bolsonaro diminuem, de acordo com as últimas pesquisas eleitorais.

Além disso, há uma série de ataques deliberados produzidos pelo próprio governo, que vão desde a atuação desastrosa na pandemia, passando pela deterioração da imagem do Brasil no cenário internacional, até os ataques contra os povos indígenas, alvo inclusive de acusação formal de genocídio no âmbito do Tribunal Penal Internacional (TPI).


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