24/06/2021 às 15h49min - Atualizada em 24/06/2021 às 15h49min

Reajustes nas contas de luz e de água puxam aumento do custo de vida na Região Metropolitana de São Paulo

Aumento no etanol também impacta, em alta, o custo das famílias em maio; diferenças na inflação entre as classes segue alta.

O custo de vida na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) voltou a acelerar em maio, como mostra a última pesquisa Custo de Vida por Classe Social (CVCS) da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). O avanço foi de 0,88% em relação a abril, quando a alta havia sido mais tímida (0,18%). Com o resultado, completa-se um ano de crescimento consecutivo do custo que as famílias da RMSP têm para viver, considerando que a última queda foi registrada em maio de 2020 (-0,46%).

No acumulado dos últimos 12 meses, a inflação atinge os 8,42%. Considerando apenas o ano de 2021, o custo de vida na RMSP está 3,19% inflacionado.


Em maio, o grupo que mais colaborou para o número geral foi o de Habitação, com aumento de 1,76% – impulsionado pelo reajuste nas contas de energia elétrica (5,75%) e de água e esgoto (4,56%), que pesaram no bolso dos consumidores ao mesmo tempo. Este aumento é significativo por dois motivos: primeiro, porque a habitação corresponde a um peso relevante no resultado geral do mês do custo de vida das famílias (0,3 ponto porcentual). Segundo, porque trata-se de um grupo com peso muito grande sobre o orçamento dos mais pobres, chegando a 23,5% de alta para a classe E, por exemplo.

É a mesma situação do grupo de Transportes, que corresponde a 0,16 ponto porcentual (p.p.) do 0,88 p.p. do custo de vida na RMSP e cujos preços aumentaram 0,77% em maio, influenciado mais uma vez pelo reajuste de um tipo de combustível – o etanol, que ficou 14,83% mais caro no mês. Em um cenário de mudanças constantes nos preços nas bombas, o grupo já acumula uma inflação de 15,23% nos últimos 12 meses. Esta taxa chega a 19,9% no caso da classe E. Segundo a FecomercioSP, a alta poderia ter sido maior não fosse a queda expressiva das passagens aéreas (-29,82%).

Chama a atenção ainda o fato de que, em abril, estes foram os dois grupos que retraíram: 0,11%, no caso da Habitação; e 0,19%, no caso dos Transportes.

Depois de subir 1,16% em abril, o grupo de Saúde seguiu inflacionado em maio: alta de 1,17%, agora não mais impactado pelos reajustes nos medicamentos, mas pela subida nos preços de muitos insumos da indústria farmacêutica e de higiene e beleza.

Outro grupo sempre relevante para as famílias da RMSP, Alimentos e Bebidas também ficou mais caro em maio (0,50%), mas desacelerou no acumulado dos 12 meses (11,45%), após começar 2021 em ritmo galopante. Os produtos que mais subiram no mês foram a cenoura (9,58%), o alho (4,65%) e a carne bovina (4,5%). Ainda assim, por ser um grupo fundamental no orçamento familiar, o resultado ainda preocupa – principalmente considerando que subiu 0,36% em abril. O consumo de alimentos e bebidas corresponde a pouco menos de um quarto (22,4%) do resultado total do custo de vida.

Classes mais baixas seguem mais atingidas

Como tem sido a tônica em meio à pandemia, o custo de vida na RMSP segue muito mais alto para aquelas frações mais baixas do que para as mais privilegiadas. Quem está atualmente na classe E, por exemplo, experimenta uma alta de 11,09% no acumulado dos últimos 12 meses, enquanto para a classe A, foi quase a metade disso: 6,72%. E se a classe D experimentou um aumento parecido nos preços no orçamento (11,04%), esta taxa cai à medida que se sobe entre os estratos: 8,86% para a classe C; e 6,85% para a classe B.


A inflação dos preços dos alimentos é a que expressa com mais vigor esta realidade, que foi muito maior para os estratos inferiores (15,36% para a classe E; e 15,02% para a D) em relação aos superiores (9,16% para a classe A; e 9,35% para a B), considerando a inflação acumulada de maio de 2020 para cá.

Os resultados apresentam, para a FecomercioSP, um cenário em que a pressão dos preços sobre as camadas mais pobres chega, agora, por meio de serviços administrados, como distribuições de energia elétrica e de água e esgoto, assim como o aumento dos combustíveis. É diferente do que vinha acontecendo no começo do ano, quando o custo de vida pesava mais no orçamento das frações inferiores, por causa da inflação dos alimentos e bebidas.

A Federação entende que as famílias devem manter os esforços em cortar gastos supérfluos e evitar ao máximo o caminho da dívida ou da inadimplência, que agora será cobrada com juros ainda maiores. Para a Entidade, a inflação não vai dar trégua tão cedo, e, por isso mesmo, o momento é de total cautela com o orçamento familiar.


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