O deputado federal Luis Miranda (DEM) afirmou que áudios e mensagens encaminhadas a interlocutores de Jair Bolsonaro (Sem Partido) comprovariam a pressão em cima de Luis Ricardo Miranda, irmão do parlamentar e chefe de importação do Departamento de Logística em Saúde do Ministério da Saúde. A pressão tinha como objetivo a compra da vacina indiana Covaxin. De acordo com o parlamentar, o recado foi dado a pessoas próximas de Bolsonaro antes de a confirmação de assédios chegar ao Ministério Público Federal (MPF).
Ao site Metrópoles, o deputado disponibilizou as mensagens encaminhadas a um secretário de Bolsonaro com os alertas de uma possível corrupção na pasta. O nome do militar foi preservado a pedido do congressista.
“Avise ao PR [presidente da República] que está rolando um esquema de corrupção pesado na aquisição das vacinas dentro do Ministério da Saúde. Tenho provas e as testemunhas. Sacanagem da porra… a pressão toda sobre o presidente e esses ‘FDPs’ roubando”, escreveu o parlamentar às 12h55 do dia 20 de março.
O auxiliar de Bolsonaro respondeu com uma Bandeira Nacional.
Uma hora depois, Miranda insistiu: “Não esquece de avisar o presidente. Depois, não quero ninguém dizendo que eu implodi a República. Já tem PF e o caralho no caso. Ele precisa saber e se antecipar”.
A outra resposta também foi um símbolo nacional.
A Covaxin foi a vacina mais cara adquirida pela gestão de Eduardo Pazuello no Ministério da Saúde, ao custo de US$ 15 por dose. A compra superfaturada do imunizante foi a única para a qual houve um intermediário e sem vínculo com a indústria de vacina, a empresa Precisa. O preço da compra foi 1.000% maior do que, seis meses antes, era anunciado pela fabricante.
A CPI da Pandemia aprovou um requerimento do relator Renan Calheiros (MDB) para convocar os irmãos Miranda.