12/05/2021 às 20h22min - Atualizada em 12/05/2021 às 20h22min

Dirigente da FIESP/CIESP defende Reforma Tributária ampla em encontro com industriais de Jundiaí - SP

Novo modelo de impostos, incluindo isonomia do ICMS para acabar com guerra fiscal, trará avanço à indústria brasileira. O Brasil não pode ser uma “República do Puxadinho”, afirmou.

Rafael Cervone, vice-presidente da Federação e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP/CIESP), em reunião virtual com empresários de Jundiaí - SP e região, na tarde desta quarta-feira(12), ressaltou que defende uma reforma tributária ampla, conforme consta do relatório final apresentado poucas horas antes pelo deputado Aguinaldo Ribeiro (PP), relator da matéria na comissão mista temporária do Congresso Nacional. “Esta é uma questão prioritária para nossa agenda de competitividade”.

Cervone salientou ser imprescindível uma reforma tributária que estabeleça isonomia entre todos os setores, acabe com a guerra fiscal e simplifique a desburocratização. “É inadmissível que a indústria, que representa 11% do PIB brasileiro, pague 27% dos impostos. Temos mostrado ao governo esse disparate, reforçando a importância do setor, pois somente os países que elevaram sua participação no PIB acima de 20% conseguiram dobrar a renda per capita”, ressaltou.

O dirigente lembrou que, atualmente, as indústrias trabalham 150 dias só para pagar impostos, e a arrecadação federal e estadual tem sido recorde este ano. "Isso torna absurdo, por exemplo, o aumento do ICMS em São Paulo, contra a qual estamos lutando na Justiça", frisou, observando que cada 1% de aumento na carga tributária do setor resulta em 1% de perda de rentabilidade.

Quanto à guerra fiscal, trata-se de um problema que prejudica muito o Estado de São Paulo, disse Cervone. Exemplo claro disso foi dado, na reunião virtual, pelo industrial George Tomic, de Jundiaí, que atua na área de fibras de poliéster: "Pagamos mais ICMS do que em outros estados brasileiros e até mesmo em relação a produtos importados. Das quatro empresas de nosso setor, duas já fecharam e uma mudou-se para o Nordeste. Por isso, a isonomia entre as unidades da federação é decisiva para destravar investimentos". Respondendo à questão, o dirigente da FIESP/CIESP disse esperar que a reforma tributária seja aprovada ainda este ano ou no primeiro semestre de 2022.

No tocante à concorrência desleal, Cervone enfatizou que a informalidade significa R? 600 milhões por ano. Citou o problema das feirinhas de madrugada, cada vez mais presentes na maioria das cidades, nas quais se paga com maquininhas que não passam pelo sistema bancário ou até bitcoins não rastreáveis.

República do Puxadinho

Cervone revelou que tem discutido muito a questão da reforma tributária e da competitividade da indústria com representantes do governo. “Não podemos mais ter medidas paliativas, como se fôssemos a República do Puxadinho. Soluções definitivas é o que precisamos”, afirmou, apresentando dados de estudo do Boston Consulting, feito para o Movimento Brasil Competitivo (MBL): “Considerando 12 fatores, operar em nosso país implica custo de R$ 1,5 trilhão a mais do que nos membros da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Nessa conta, os tributos são responsáveis por uma diferença de R$ 270 bilhões e os encargos trabalhistas, R$ 300 bilhões”.

Por essas razões, o dirigente disse que também tem questionado a intenção do governo de reduzir barreiras e taxas de importação. Não há condição para isso enquanto houver toda essa diferença de competitividade. "Assim, não é pertinente reduzir, como se pretende, a Tarifa Comum de Importação do Mercosul em 10% no primeiro semestre deste ano e mais 10% no segundo semestre".

Imagem do Brasil e inserção global

Ao contrário do Brasil, “o que se assiste no mundo é a um recrudescimento do protecionismo, inclusive contra nosso país, com alegações ambientais e outras que não procedem”, disse Cervone. Num esforço para fortalecer a inserção competitiva da indústria no cenário global, ele informou estar discutindo, no âmbito da FIESP e do CIESP, com embaixadores e empresários da América do Sul, a integração das cadeias regionais de valor no continente, para fazer frente à globalização. Precisamos reduzir a dependência de outras economias. Para isso, a indústria será decisiva, como se reconhece, aliás, no contexto do G20, no qual participo dos encontros do grupo do setor privado, denominado B20”, observou.

O vice-presidente da FIESP e do CIESP também revelou que as entidades, visando contribuir para a melhoria da imagem atual do Brasil no Exterior, considerando haver ruídos de comunicação, produziu e disponibilizou ao governo um material contendo informações positivas e descritivas do potencial brasileiro. “Precisamos mostrar ao mundo o que somos e o que podemos fazer”.

Crença no futuro

O empresário Cláudio Palma, de Jundiaí, ponderou que “só constrói quem acredita no futuro”. Por isso, é preciso manter viva a indústria. “Estamos num momento político muito confuso. Nesse contexto, a união do setor, da FIESP e do CIESP precisa ser muito forte”.

Maurício Reisky, também industrial do município, acrescentou que "precisamos dar as mãos uns aos outros para enfrentar os desafios presentes", posição também referendada por Manoel Flores, do setor de plásticos na cidade. Rainer Von Siegert, outro representante da indústria local, falou sobre as dificuldades atuais do Brasil, dos desafios referentes à Covid-19, do sofrimento das pessoas e da importância da solidariedade entre todos e da sinergia na indústria, cujo papel é relevante para a retomada do crescimento econômico.

Evento em Jundiaí

A advogada Elizabeth Broglio, informou que, dia 26 próximo, será realizado evento virtual com empresários da cidade, sobre globalização, competitividade e reforma tributária. Palestrante será o embaixador Rubens Barbosa.

Eleições nas entidades de classe

A reunião com os empresários de Jundiaí foi aberta por Alexandro F. Zavarizi, que agradeceu a numerosa participação dos industriais locais e de Cervone, que é candidato a presidente do CIESP, pela Chapa 2, nas eleições de 5 de julho. Ressaltou que ele e Josué Gomes, postulante à presidência da FIESP, estão focados nas questões prioritárias da indústria.

Cervone explicou que o modelo para o pleito, com diretoria autônoma para cada entidade, mas com união e sinergia total entre ambas, corresponde a um desejo quase unânime das bases empresariais. “Por isso, Josué é o primeiro vice-presidente na Chapa 2 do CIESP. Na FIESP, na qual há chapa única, as posições invertem-se. Garante-se, assim, a total união das duas casas”, enfatizou, acrescentando: “A Chapa 2 do CIESP tem 78% de seus membros do Interior de São Paulo e renovação de 52%, índice de integrantes que não participam da presente gestão. Possui representatividade nas 42 diretorias regionais e conta com elevado número de mulheres, jovens empreendedores, pequenos e médios industriais”.


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