02/04/2021 às 11h05min - Atualizada em 02/04/2021 às 11h05min

Empresários de pequenas e médias empresas contam como lidam com o caos nos negócios durante a pandemia

Especialista em gestão empresarial dá dicas de como enfrentar o desafiador cenário atual.

De acordo com a última edição da Pesquisa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) sobre o Impacto da pandemia do novo Coronavírus nos Pequenos Negócios, os empresários sentem que a expectativa de normalidade está cada vez mais longe. Os dados mostram que a maioria dos empreendedores entrevistados se considera no grupo da categoria “aflitos” - tendo muitas dificuldades para manter o negócio.

A Pesquisa também mostra que houve interrupção do ciclo de recuperação em quase todos os segmentos. Muitos empresários recorrendo a empréstimos bancários, que lideram como a principal dívida das empresas.

O cenário do caos nas empresas parece estar montado. A crise na saúde impacta diretamente no andamento dos negócios e os empresários se sentem temerosos diante do desafiador quadro atual.

Mas as Pesquisas também mostram um contraponto de recuperação em alguns setores da economia. Segundo a última Pesquisa “Pulso Empresa: Impacto da Covid-19 nas empresas”, divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 28,6 % das empresas em funcionamento reportaram que a pandemia teve um efeito positivo sobre os negócios. E ainda, 32,2% delas indicaram aumento das vendas ou serviços comercializados.

Empresário Cláudio Pantaleão em campo, no acompanhamento do time de vendedores durante a pandemia
Cláudio Pantaleão faz parte dessa porcentagem. Ele é diretor da Dakasa Alimentos - uma empresa de atacado de frios. Ele comenta que durante a pandemia o consumo das pessoas em casa começou a ser bem maior. E diferente de muitos seguimentos, o faturamento da empresa de Cláudio cresceu em mais de 100 por cento:

“Para a nossa surpresa, a oportunidade bateu à porta. O crescimento chegou, mas aí tivemos grandes dificuldades em gerenciar pessoas e medir o número de entradas e de despesas. Antigamente, eu pagava as contas e o que sobrava estava bom. Mas aí, precisamos realmente de ajuda externa para gerir todo esse processo. Comecei a enxergar que pra crescer era preciso implantar ferramentas que possam medir vários setores dentro da empresa e trazer mais resultados de forma rápida e com mais precisão. Agora, muita coisa mudou: eu enxergo a crise como uma oportunidade de crescimento para a empresa. E por incrível que pareça, até 2024 estamos com tudo planejado.”

Meta, Plano de Ação e Execução

Os dados divulgados pela Pesquisa do Sebrae também mostram que 4 em cada 10 empresas inovaram durante a crise. Muitas delas precisaram contar com a direção de especialistas em gestão empresarial para orientar os empresários a saberem lidar com a situação da crise causada pela pandemia, e acabar com o caos vivenciado nas empresas. Marcelo Germano é empresário, especialista em gestão empresarial e idealizador do método do EAG (Empresa Autogerenciável), ele é responsável por ajudar a recuperar muitos negócios que estavam à beira do caos em decorrência do cenário desafiador que o país está vivenciando:

Marcelo Germano e equipe EAG - Empresa Autogerenciável
“Estamos enfrentando uma crise sem precedentes na história. Um momento muito crítico que exige atenção. No final disso tudo vão existir dois tipos de empresas: as que vão morrer, deixar de existir, e as que vão aproveitar as oportunidades e crescer em cima da concorrência. E o que é preciso fazer? Focar no que está no nosso controle e encarar de frente essa situação toda”, disse o especialista.

Marcelo Germano ainda comenta que os empresários são os futuros líderes do país e que, se a crise causada pela pandemia é algo que não controlamos, é necessário trabalhar as competências do negócio para se estabelecer no mercado:

“Eu costumo dizer que o dono da empresa é o comandante dela, não importa o que está acontecendo ao redor. E a reclamação por si só coloca o gestor em estado de escassez. Por isso que situações drásticas exigem medidas drásticas. É preciso buscar caminhos que as ferramentas em gestão empresarial e métodos difundidos no mercado oferecem para que o empresário tenha uma equipe autogerenciável, para que ele possa focar no que realmente importa: na solução do problema, através de um trabalho duro, e não como em um passo de mágicas, como muitos vendem por aí. Ou seja, se o empresário não seguir os fundamentos, ele pode, sim, quebrar. E esse, infelizmente, não é apenas um problema gerado pela crise, mas também pela ineficiência da gestão ao longo dos anos. É preciso trabalhar com Metas, Plano de Ação e Execução. Assim como saber gerir processos, indicadores e trabalhar importantes passos para minimizar os problemas e sair mais forte da crise, para que se possa enxergar uma luz no fim do túnel”.

Esse foi o caso de Sylvio Bispo. Ele é CEO da Shamah Mundi - Corretora e Administradora de Seguros - e conta que a empresa sempre teve uma trajetória ascendente, mas logo que começou a pandemia registrou uma queda de 20% no faturamento:

“Com o início da pandemia, a preocupação inicial foi com a preservação do time e da família, no âmbito da saúde, mas também com o faturamento descendente e a sustentabilidade do negócio. E após a constatação da queda do faturamento, ficamos deprimidos, com receio de um cenário “apocalíptico”. Cancelamos contratações, revimos contratos, negociamos com fornecedores, enfim, agimos rápido para implementar correções e ajustes. Começamos, assim, a superar nossos objetivos, mas ainda de forma não totalmente estruturada, e ainda com imprevisibilidade”.

Após orientação na gestão da empresa para a busca de implementação de ferramentas nos processos do negócio, Sylvio percebeu que havia esperança de melhoria, apesar de todo o cenário vivenciado:

Empresário Sylvio Bispo durante planejamento dos negócios
“Com um novo método de gestão, chamado EAG, que fomos atrás, obtivemos um ganho qualitativo, tanto nos processos, quanto nas relações humanas. Isso mudou muito a minha forma de fazer a gestão da minha empresa, resultando em ganho de tempo para pensar a empresa e as estratégias, previsibilidade no crescimento, construção de uma liderança engajada com metas, e outros diversos ganhos qualitativos e quantitativos. Com a utilização de ferramentas que vão desde a contratação, passando por feedbacks estruturados e chegando ao final à construção de uma cultura que coloca o colaborador como o artífice da realização do sucesso, tanto individual, quanto da empresa como um todo”, relatou o empreendedor.

Na contramão da crise

Matheus Francisco é sócio da Loja do Sapo - assistência técnica de dispositivos eletrônicos - e com o decorrer da pandemia ele observou que as pessoas começaram a ter mais necessidade por busca de manutenção dos dispositivos e assistência técnica. Matheus foi em busca, então, de adaptação e inovação nos negócios:

“Como gestor, a notícia da pandemia foi um baita susto, um desafio, deu um frio na barriga. Eu sabia que existiam as coisas que eu poderia controlar e outras que eu não poderia agir em si, como o fechamento dos shoppings e da cidade, por exemplo. Mas por outro lado, eu poderia me adaptar, e foi isso que eu fiz”, comenta Matheus.

Antes de buscar a ajuda de um especialista, Matheus não tinha uma rotina de gestão definida. O negócio estava em expansão, mas ainda não existia organização por parte de lideranças, processos, metas, rotinas gerenciais. A empresa crescia, mas não de maneira organizada:

Empresário Matheus Francisco com os equipamentos de proteção durante a pandemia
“Com o método de gestão que conheci, que ensina os caminhos para se alcançar uma equipe autogerenciável, conseguimos organizar melhor a parte de pessoas, estruturando RH com rotinas de processos seletivos, código de cultura com os valores que regem a empresa, onde ela quer chegar, qual o propósito dela existir. Além disso, desenhamos organogramas e atividades de cada colaborador. Implantamos indicadores em várias áreas da empresa, para não navegarmos no escuro. Costumo dizer que esse método trouxe clareza, ajudou a enxergar o que precisávamos fazer, como fazer, quais áreas atacar, e tirar do caos a nossa empresa, para que crescesse de maneira sustentável”.

Eficiência nos negócios em meio à pandemia

Para buscar a eficiência nas empresas é preciso treinar e capacitar o time de colaboradores e olhar realmente os números, elaborando Planos de Ação para atingir objetivos e metas, estabelecer prioridades. De acordo com a experiência de Marcelo Germano em direcionar os gestores, a realidade é que mesmo antes da pandemia muitas empresas já eram caóticas e só se preocupavam em apagar incêndios. Pode parecer óbvio, mas grande parte dos empresários estão despreparados para lidar com a crise, e não sabem nem por onde começar na prática:

“O empresário brasileiro precisa ter em mente que é hora de trabalhar focado, com eficiência. Eu sempre digo que mar calmo nunca fez marinheiro bom. É o momento de agir com inteligência e ir à fundo em métodos que vão dirigir suas ações nos negócios para ir em busca do crescimento, mesmo diante da crise vivenciada. É necessário capacitação, aprender ferramentas para ter o resultado esperado. Não existe sorte, mágica, e sim um método, um caminho de trabalho duro a seguir”, finaliza o idealizador do método do EAG.


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