23/03/2021 às 18h50min - Atualizada em 23/03/2021 às 18h50min

Cármen Lúcia muda voto e STF decide que Moro foi parcial ao julgar ex-presidente Lula

A decisão do colegiado do STF deve fazer com que todas as provas dos processos contra Lula que estavam na 13ª Vara de Curitiba sejam anuladas.

Por 3 votos a 2, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, nesta terça-feira (23), declarar a suspeição do ex-juiz Sergio Moro nos processos em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) figurou como réu na 13ª Vara Federal de Curitiba - PR.

A decisão do colegiado do STF deve fazer com que todas as provas dos processos contra Lula que estavam na 13ª Vara de Curitiba sejam anuladas. Embora os ministros que tenham votado pela suspeição de Moro também tenham dito que a condição é específica aos casos que envolvem Lula, a medida pode motivar ainda um efeito cascata em outras ações sentenciadas pelo ex-juiz na Lava Jato, que levou para cadeia políticos, empreiteiros, lobistas e dirigentes partidários.

Votaram pela suspeição de Moro os ministros Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Cármen Lúcia, que modificou o seu voto pronunciado em dezembro de 2018, quando teve início o julgamento na ocasião, Cármen votou contra a suspeição. Mas, nesta terça, ela reformou seu posicionamento diante de novas evidências surgidas ao longo dos últimos anos. Foram votos vencidos os ministros Edson Fachin, relator do caso, e Kassio Nunes Marques.

A ministra disse que revia sua posição com base em quatro elementos. Um foi a condução coercitiva de Lula, autorizada por Moro e ocorrida em março de 2016, definida pela magistrada como espetaculosa. O segundo aspecto foi a interceptação telefônica dos advogados do ex-presidente. Na mesma linha, o terceiro elemento é o que Cármen Lúcia chamou de “divulgação seletiva” de áudios do petista. Uma conversa entre ele e a então presidente Dilma Rousseff, tornada pública também em março de 2016, indicou uma possível combinação para que a chefe do executivo colocasse Lula em seu ministério, o que foi interpretado como um "drible" na Lava Jato e acirrou a oposição da época. E o quarto argumento apresentado por Cármen Lúcia foi a decisão de Moro de tornar pública a delação premiada do ex-ministro Antonio Palocci, o que ocorreu às vésperas das eleições presidenciais de 2018. À época, a medida foi contestada por ser vista como prejudicial à candidatura de Fernando Haddad (PT), que disputava contra Jair Bolsonaro.


Link
Tags »
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Fale pelo Whatsapp
Atendimento
Precisa de ajuda? fale conosco pelo Whatsapp