Uma reportagem do jornal The New York Times, assinada pelos jornalistas Ernesto Londoño e Letícia Casado, destaca que a mudança de postura do governo Jair Bolsonaro (Sem Partido) em relação à participação da chinesa Huawei no leilão de tecnologia sem fio 5G está ligada à necessidade do Brasil em adquirir vacinas contra a Covid-19 produzidas pelo país asiático.
O posicionamento do governo brasileiro contra o ingresso da Huawei no bilionário leilão da rede sem fio 5G fez parte da estratégia do governo dos Estados Unidos, na gestão do ex-presidente Donald Trump, de frear o avanço da influência chinesa em diversos países.
Em fevereiro, porém, durante uma viagem à China, o ministro das comunicações, Fábio Faria, fez um “pedido muito incomum a uma empresa de telecomunicações”. “Aproveitei a viagem para pedir vacinas, que é o que todos clamam”, teria dito Faria, de acordo com o NYT.
“Duas semanas depois, o governo brasileiro anunciou as regras para seu leilão 5G, um dos maiores do mundo. A Huawei, que o governo parecia ter barrado poucos meses antes, terá permissão para participar”, destaca a reportagem.
“A conexão precisa entre o pedido de vacina e a inclusão da Huawei no leilão 5G não é clara, mas o momento é impressionante e é parte de uma mudança radical na postura do Brasil em relação à China. O presidente, seu filho e o ministro das Relações Exteriores pararam abruptamente de criticar a China, enquanto funcionários do gabinete com incursões nos chineses, como Faria, trabalhavam furiosamente para aprovar novos carregamentos de vacinas. Chegaram milhões de doses nas últimas semanas”, ressalta o texto do NYT.