09/02/2021 às 11h17min - Atualizada em 09/02/2021 às 11h17min

No ritmo atual, Brasil levará 3 anos para vacinar 70% da população

Apesar de o principal gargalo do plano de vacinação do Brasil ser a falta de vacina disponível, os problemas logísticos e de burocracia também têm um peso razoável. Tanto que, das 10 milhões de doses prontas para distribuição pelo SUS, só 3 milhões foram aplicadas até a última sexta-feira (5).

Se o Brasil mantiver o atual ritmo de vacinação, levará três anos para vacinar 70% da população contra Covid-19. A perspectiva de atingir só em 2024 a cobertura que permite a volta ao “velho normal” é desanimadora, mas há espaço para melhorar o desempenho, dizem cientistas. Além de, evidentemente, avançar na aquisição de vacinas, o Programa Nacional de Imunização (PNI) precisa, pontuam, azeitar sua logística, prejudicada pela escassez dos imunizantes - quanto menos vacinas, mais complexo é organizar a fila de vacinação e suas prioridades.

Apesar de o principal gargalo do plano de vacinação do Brasil ser a falta de vacina disponível, os problemas logísticos e de burocracia também têm um peso razoável. Tanto que, das 10 milhões de doses prontas para distribuição pelo SUS, só 3 milhões foram aplicadas até a última sexta-feira (5).

Se contados os 20 dias passados desde o início da campanha de vacinação, o país está vacinando cerca de 165 mil pessoas por dia, ritmo bem aquém da capacidade, diz José Cássio de Moraes, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo:

- O PNI pode vacinar, tranquilamente, 2 milhões de pessoas por dia. E esta é uma estimativa conservadora, levando em conta que só exista um vacinador em cada uma das 40 mil salas de vacinação do país - diz o médico sanitarista, que defende a criação de equipes para auxiliar os cadastros e agilizar o processo.

Outro motivo para a demora é que alguns estados e municípios estão reservando a segunda dose da vacina para as pessoas que já tomaram a primeira tenham o seu reforço garantido. Há, então, efeito perverso: a escassez agrava a lentidão.

- Como não temos o número de doses correto e elas chegam fracionadas, de pouco em pouco, é preciso controlar - afirma Tânia Chaves, vacinóloga da Universidade Federal do Pará. - Não dá para sair vacinando todo mundo sem garantir a imunização completa, com duas doses.


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