17/01/2021 às 12h26min - Atualizada em 17/01/2021 às 12h26min

Se Coronavac for aprovada, Doria abre vacinação no Hospital das Clínicas

Doria acompanha a discussão online da diretoria da agência com uma série de médicos e especialistas de diversos estados.

Se a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovar o uso emergencial da Coronavac, o governo de São Paulo fará a primeira inoculação de uma pessoa com a vacina contra a Covid-19 no Brasil já na tarde deste domingo (17).

A fotografia do evento culminará a aposta feita pelo governador João Doria (PSDB) na vacina de origem chinesa, adotada para desenvolvimento conjunto e produção local pelo Instituto Butantan no meio do ano passado.

Doria estará presente à inoculação, se a Anvisa conceder a chancela, no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Ele acompanha a discussão online da diretoria da agência com uma série de médicos e especialistas de diversos estados. Ao fim da reunião, previsto para as 15h, ele fará um pronunciamento e depois haverá a vacinação, de cunho obviamente simbólico, salvo alguma mudança de última hora.

Se ocorrer mesmo, o Brasil se torna o quarto país a iniciar o uso emergencial do fármaco, depois de China, Indonésia e Turquia.

A Secretaria da Saúde paulista diz estar pronta para começar a campanha já na segunda-feira (17). A Coronavac tem uma eficácia de 50,38% para casos considerados muito leves da Covid-19, 78% para leves e, embora isso ainda precise de confirmação, aparentes 100% para moderados e graves.

A identidade da primeira pessoa brasileira a receber a Coronavac é uma incógnita, mas o governo estadual trabalhou com algumas opções nos últimos dias.

Entre funcionários do HC com conhecimento da discussão, a especulação é de que seria alguém do próprio hospital.

Trabalhadores da saúde receberão primeiramente a vacina segundo tanto o plano estadual quanto o federal de imunização.

Toda a operação foi conduzida com o máximo de discrição. Em guerra aberta com o governo de Jair Bolsonaro (Sem Partido), a gestão Doria teme que possa haver interferências de última hora na decisão da Anvisa.

A expectativa no governo paulista, antes do início da reunião da Anvisa, era de que o imunizante fosse aprovado. Mas a desconfiança persistia, dado que a agência fez diversos pedidos de reenvio de documentação considerados desnecessários por técnicos paulistas.

Seja como for, está pronta também uma campanha publicitária de R$ 9 milhões, a ser veiculada já neste domingo (17) em horário nobre no estado de São Paulo, para incentivar as pessoas a se imunizarem e a confiarem na Coronavac.

Ela irá promover a vacina, enaltecer o Butantan e tentar dar o caráter nacional do produto, sem perder de vista sua origem paulista. O mote “É do Butantan, é de São Paulo, é do Brasil”, já utilizado parcialmente em peça publicitária no ano passado, será enfatizado.

O pacote visa vencer resistências à vacinação e também garantir seu certificado de origem. Aqui o componente político é óbvio: Doria, que quer ser candidato a presidente no ano que vem, é visto em pesquisas qualitativas como “muito paulista”.

A Coronavac já vinha sendo propagandeada por Doria como “a vacina do Brasil”, inclusive em faixas colocadas nos contêineres que chegaram com doses da China.

Isso irritou o Planalto, que fez a Saúde adotar o lema “Somos todos uma só nação” para sua campanha de imunização, visando isolar a iniciativa do tucano.


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