09/01/2021 às 12h55min - Atualizada em 09/01/2021 às 12h55min

Pesquisador de Oxford diz que Brasil precisa entrar em lockdown

Para o pesquisador, o lockdown “é uma medida ruim que ninguém quer tomar” mas que diante do cenário atual “é a única possível”. O Brasil registrou ontem 1.379 novos óbitos pela doença, maior marca desde 4 de agosto. Foram 872 mortes na média de sete dias, o que representa uma aceleração de 37% na comparação com 14 dias atrás.

O pesquisador de Oxford Ricardo Schnekenberg disse, em entrevista ao jornal O Globo, que o Brasil precisa entrar em lockdown. Para o médico, que faz parte do grupo do Imperial College que analisa dados da pandemia no país, medidas mais restritivas teriam resultados mais rápidos para controlar o aumento no número de casos e mortes da doença até que os efeitos da vacinação comecem a ser sentidos.

Para o pesquisador, o lockdown “é uma medida ruim que ninguém quer tomar” mas que diante do cenário atual “é a única possível”. O Brasil registrou ontem 1.379 novos óbitos pela doença, maior marca desde 4 de agosto. Foram 872 mortes na média de sete dias, o que representa uma aceleração de 37% na comparação com 14 dias atrás.

“Outras medidas não gerarão efeito suficiente no tempo que temos até a vacina ser implementada. Não estamos na mesma situação de março, em que se falava em lockdown e não tinha perspectiva de quanto tempo iria demorar. Agora (com as vacinas) temos um horizonte muito mais próximo. É uma medida de curto prazo, que não faz o vírus desaparecer, mas reduz o número de casos para que outras sejam implementadas e tenham efeito a longo prazo”, explicou.

Na avaliação de Ricardo Schnekenberg, o início da vacinação pode estar perto, mas os efeitos da aplicação em massa podem demorar.

As vacinas CoronaVac, fabricada pelo Instituto Butantan em parceria com a Sinovac, e a da AstraZeneca/Oxford, em parceria com a Fiocruz, tiveram os pedidos para uso emergencial protocolados na sexta-feira (8) na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A previsão de análise é de até 10 dias.

“A vacina está perto, mas não tanto assim. Mesmo que começasse a ser aplicada hoje e tivesse doses suficientes para todos, não se esperaria um efeito significativo na queda do número de mortes por pelo menos 90 dias. E as vacinas só funcionam para as pessoas que sobreviverem e chegarem até lá. A restrição auxiliaria a redução drástica no número de casos e mortes, desafogaria os hospitais e auxiliaria o poder público no processo de administração da vacina”, disse o pesquisador.

Para o pesquisador, o ideal era ter um plano nacional para coordenar o tema. “Restrições a nível municipal e estadual tendem a falhar, porque os municípios e estados não têm caixa suficiente para bancar esses suportes. Ainda mais para fazer restrição por um tempo suficiente para ter efeito, o que não se consegue com duas semanas”, disse, enumerando outras limitações.

“Há trânsito de pessoas nas regiões, cria-se discussão política nas regiões vizinhas, reduz a adesão da população porque parece injusto que uma pessoa que mora em um local tenha que fechar, e outra não. Diferentes estados e cidades têm diferentes capacidades financeiras e acabam não sustentando as pessoas como deveria ser feito. Um suporte financeiro como estou falando custa muito caro. Para ser feito, decisões a nível federal precisam ser realizadas”.


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