16/12/2020 às 12h39min - Atualizada em 16/12/2020 às 12h39min

China é o segundo maior exportador de produtos farmacêuticos ao Brasil

Importações de farmoquimicos da China alcançam US$ 870,3 milhões. Número representa 29,18% das importações brasileiras de farmoquimicos.

Em 2019 as importações de farmoquimicos da China alcançaram a expressiva soma de US$ 870,3 milhões, o que representa 29,18% das importações brasileiras de farmoquimicos. Se acrescentarmos os US$ 30,1 milhões importados da China em medicamentos a granel (nested bulk), o total atinge mais de US$ 900,5 milhões, ou 30,2% das importações brasileiras de farmoquimicos.

A indústria farmacêutica brasileira, apesar de produzir mais de 70% dos medicamentos consumidos no País depende, de forma muito perigosa, de insumos farmacêuticos importados. Atualmente, impressionantes 85% a 90% dos insumos ativos são importadas de fornecedores diversos, notadamente chineses e indianos, que respondem pelo fornecimento de 74% dos laboratórios brasileiros. Em 2019, o déficit na balança comercial do segmento foi de US$ 2,3 bilhões, aponta levantamento da Associação Brasileira da Indústria Farmoquímica e de Insumos Farmacêuticos (ABIQUIFI).

No histórico da produção chinesa de farmoquimicos, destaca-se a presença do Shanghai Institute of Pharmaceutical Industry (SIPI), órgão mantido e dirigido pelo State Pharmaceutical Administration of China (SPAC). Fundado há décadas, o SIPI em 1995 (quando participamos de uma viagem de prospecção à China) já tinha uma equipe de 1.050 pessoas, sendo 700 cientistas e engenheiros, entre estes 180 cientistas sênior. O objetivo principal do SIPI se assentava no desenvolvimento de farmoquimicos, sejam os obtidos por síntese química ou os obtidos por processos biotecnológicos, incluindo a fermentação. Objetivava, também, a obtenção de novos processos , novos equipamentos e novos materiais (como as resinas) para a renovação da indústria farmacêutica. A busca de novas moléculas se dirigia, basicamente, para os campos dos anti-infecciosos, dos antineoplásicos, dos produtos cardiovasculares, dos produtos dirigidos ao sistema nervoso central (SNC), dos antirreumáticos e dos imunomoduladores.

Em meados dos anos 1990, a necessidade de divisas fortes, levou a China a estabelecer um Plano Nacional para aumentar substancialmente as exportações de farmoquimicos. Este plano incluía não só o aumento das quantidades de farmoquimicos produzidos, mas e, sobretudo, a elevação da sua qualidade, enquadrando-a nos procedimentos das boas práticas de fabricação (BPF), atendendo aos padrões internacionais da United States Pharmacopeia (USP) e da Farmacopeia Inglesa (BP). O plano incluía, também, aumentar o volume da importação de tecnologia. Atestam estas assertivas o fato de várias firmas estrangeiras (americanas e europeias) terem se associado a firmas locais para a produção de farmoquimicos, não só para atender o mercado interno, mas também o mercado externo. Vale registrar que foram pioneiros neste processo de revigoramento da indústria farmoquimica chinesa as seguintes empresas internacionais: Roche (Suíça), Upjohn, Cyanamid e Warner Lambert (EUA), sendo alguns destes projetos financiados pelo Banco Mundial.

Em 1994, com 1,2 bilhão de habitantes a China já produzia 1.400 produtos farmoquimicos, com uma produção estimada em US$ 10 bilhões, com US$ 1,5 bilhão destinado à exportação. Em 2019, só para o Brasil a China exportou mais de US$ 900 milhões em farmoquimicos, ou seja, mais de 30% das nossas importações. Isto prova que o Plano chinês para o aumento das suas exportações de farmoquimicos (aumento das divisas fortes) deu certo.


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