11/12/2020 às 11h04min - Atualizada em 11/12/2020 às 11h04min

Câmara da Argentina aprova legalização do aborto e mulheres comemoram nas ruas

Projeto de lei que prevê o acesso legal à prática até a 14ª semana de gestação segue agora para o Senado. País pode se tornar um dos únicos da América Latina a legalizar a interrupção da gravidez.

A Câmara dos Deputados da Argentina aprovou na manhã desta sexta-feira (11) um projeto de lei que legaliza o aborto até a 14ª semana de gestação. O texto segue agora para debate e votação no Senado, que há dois anos rejeitou uma iniciativa semelhante.

O projeto, apresentado pelo governo do presidente Alberto Fernández, recebeu 131 votos a favor e 117 contra, e seis deputados se abstiveram.

Durante a sessão na Câmara, que durou 20 horas, grupos defensores e opositores ao projeto se manifestavam no entorno do Congresso, em Buenos Aires.

Ao ritmo de tambores e em clima de festa, milhares de mulheres com lenços verdes - símbolo da campanha a favor da legalização do aborto no país - fizeram vigília nas imediações do Congresso. Separadas apenas por uma cerca estavam manifestantes com lenços azuis, que se opõem à legalização do aborto na terra natal do papa Francisco.

O projeto aprovado pelos deputados autoriza a objeção de consciência pelos médicos - e de estabelecimentos de saúde - que não desejarem realizar o aborto, desde que encaminhem as pacientes com agilidade para outros profissionais que possam assumir o procedimento.

Atualmente vigora na Argentina uma legislação de 1921, pela qual só é permitido abortar legalmente se a mulher tiver sofrido abuso sexual ou correr o risco de morrer.

Na sessão na Câmara desta quinta-feira, a deputada Ana Carolina Gaillard, da coalizão governista Frente de Todos, destacou que “o debate não é sobre ‘aborto sim ou aborto não’, mas sobre aborto seguro ou inseguro”.

Segundo dados citados pelo presidente argentino, cerca de 3 mil mulheres morreram em decorrência de intervenções cirúrgicas clandestinas para interrupções de gravidez desde 1983. “Eu sou católico, mas tenho que legislar para todos. Trata-se de um problema de saúde pública muito sério”, declarou Fernández na quinta-feira.

Especialistas em saúde estimam que ocorram entre 370 mil e 520 mil abortos clandestinos apor ano na Argentina, com 39 mil hospitalizações anuais em centros públicos de saúde.

O aborto pelo mundo

Mundo afora, o aborto é legal em boa parte dos países europeus, como Portugal, Espanha, França e Alemanha, além de Canadá, China, Coreia do Norte, Nova Zelândia, África do Sul, Turquia e Uzbequistão, entre outros.

Se o Senado aprovar a medida, a Argentina se juntará a Cuba, Uruguai e Guiana como países que permitem o aborto na América Latina. A prática também é legal na Cidade do México.


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