O Observatório Covid-19 BR, um projeto de cientistas para o Brasil lidar com a pandemia, alerta: “ainda não temos um plano” de vacinação contra o coronavírus, mesmo após o governo Jair Bolsonaro anunciar, por meio do Ministério da Saúde, estratégias de vacinação para conter a propagação da doença.
“É um esboço rudimentar, com tantas fragilidades e lacunas que dificilmente poderá ser seguido”, escreveram, em nota técnica divulgada no site do Observatório. “São marcantes a falta de ambição, de senso de urgência e de comprometimento em oferecer à população brasileira um plano de vacinação competente, factível, que contemple as diversas vacinas em teste no Brasil, com transparência e em articulação com estados e municípios”, acrescenta a nota, segundo reportagem do jornal O Globo.
De acordo com a análise dos pesquisadores, a priorização do público a ser vacinado é um dos poucos aspectos do plano razoavelmente claros. O Ministério da Saúde determinou que, na primeira etapa, por exemplo, são profissionais de saúde, idosos acima de 75 anos e indígenas.
O observatório é um coletivo de 80 integrantes que inclui especialistas dos centros de pesquisa mais importantes do Brasil, como Universidade de São Paulo (USP), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e outras universidades.
O Brasil ocupa o terceiro lugar no mundo em número de casos (6,6 milhões), atrás de Índia (9,7 milhões) e Estados Unidos (15,5 milhões). O governo brasileiro também contabiliza 178 mil mortes provocadas pela pandemia, atrás dos EUA (293 mil).
Infectologista pesquisador da Fiocruz, Julio Croda alertou para a necessidade de o Brasil otimizar as estratégias de vacinação contra a pandemia. O estudioso afirma que o Brasil está “atrasado em tudo”.