24/11/2020 às 12h38min - Atualizada em 24/11/2020 às 12h38min

Reconhecer racismo é 1° passo para Brasil resolvê-lo, diz Michelle Bachelet

Alta-comissária da ONU chamou de “ato deplorável” morte de cidadão negro no Carrefour.

A porta-voz de Michelle Bachelet, Alta Comissária da ONU para Direitos Humanos, se pronunciou nesta terça-feira (24) sobre a morte do João Alberto Silveira Freitas, que foi assassinado por seguranças em uma loja do Carrefour em Porto Alegre - RS.

“Esse ato deplorável, que aconteceu tragicamente na véspera do Dia da Consciência Negra no Brasil, deve ser condenado por todos”, afirmou Bachelet em comunicado divulgado por sua porta-voz, Ravina Shamdasani.

“O assassinato de João Alberto Silveira Freitas, um afro-descendente espancado até a morte por dois seguranças particulares na cidade de Porto Alegre, no sul do Brasil, é um exemplo extremo, mas infelizmente muito comum, da violência sofrida pelos negros no país”, afirmou a alta-comissária da ONU.

“[O crime] oferece uma ilustração nítida da persistente discriminação e racismo estruturais que as pessoas de ascendência africana enfrentam”, afirmou Bachelet. “O governo tem uma especial responsabilidade de reconhecer o problema do racismo persistente no país, pois este é o primeiro passo essencial para resolvê-lo”.

A declaração ocorre após o vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, afirmar depois da morte de João Alberto que, “no Brasil, não existe racismo”: “É segurança totalmente despreparado para a atividade que ele tem que fazer [...] Para mim, no Brasil não existe racismo. Isso é uma coisa que querem importar aqui para o Brasil. Isso não existe aqui”.

A alta-comissária da ONU afirmou também que “o racismo, a discriminação e a violência estruturais que os afrodescendentes enfrentam no Brasil são documentados por dados oficiais, que indicam que o número de vítimas afro-brasileiras de homicídio é desproporcionalmente maior do que outros grupos” e “os dados também mostram que os afro-brasileiros, incluindo mulheres, estão sobre representados na população carcerária do país”.

Bachelet pediu que a investigação sobre o assassinato de João Alberto seja “rápida, completa, independente, imparcial e transparente” e examine o viés racial no crime para “assegurar a justiça e a verdade”.

Ela pediu também que autoridades investiguem denúncias de uso desnecessário e desproporcional da força contra pessoas que protestam pacificamente após a morte de João Alberto.


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