23/11/2020 às 13h18min - Atualizada em 23/11/2020 às 13h18min

PSL gasta 84% de dinheiro público em derrotados e expõe potenciais nomes de fachada

Segundo o Movimento Transparência Partidária, o partido direcionou mais de 80% dos recursos públicos para candidatos não eleitos.

Pivô do escândalo das candidaturas laranjas em 2018, quando ainda era uma legenda nanica, o PSL vive uma situação anômala também nas eleições deste ano. A sigla que, ao eleger Jair Bolsonaro - hoje fora do partido - ,se tornou uma das maiores do país obteve a segunda maior fatia do bilionário fundo eleitoral, mas o dinheiro não resultou em sucesso nas urnas, as informações são do jornal Folha de S. Paulo.

A análise de dados tabulados pelo Movimento Transparência Partidária mostra que o partido comandado pelo deputado federal Luciano Bivar direcionou mais de 80% dos recursos públicos para candidatos não eleitos.

Segundo números declarados até agora pelos candidatos - a prestação de contas final será conhecida até 15 de dezembro -, R$ 113,6 milhões dos R$ 136 milhões do dinheiro liberado pelo PSL foram para candidatos a prefeito e vereador não eleitos, 84%.

Um dado também chama a atenção: um grupo de quase 200 candidatos do partido, a maioria mulheres e negros, declarou ter recebido ao menos R$ 10 mil de verba da sigla, mas não registrou até agora ter feito qualquer tipo de gasto, tendo obtido menos de cem votos cada um.

É o caso de Jô Pimenta, inscrita para concorrer a uma vaga de vereadora em São João de Meriti - RJ. Sua prestação de contas até agora mostra que a sua única receita foi uma transferência eletrônica de R$ 110 mil recebida diretamente do diretório nacional do PSL em 11 de novembro, a quatro dias do primeiro turno.

Não há nenhum centavo de gasto de campanha declarado. Em seu perfil no Facebook, ela diz ser agente administrativa na prefeitura. Jô Pimenta teve sete votos, ficando em uma das últimas posições na corrida, com fortes sinais de não ter feito campanha de fato.

Levando em conta concorrentes que receberam pelo menos R$ 10 mil de verba pública de campanha, mas obtiveram menos de cem votos e não declararam até agora nenhum gasto, ou seja, que reúnem fortes características de candidaturas de fachada, o partido de Bivar é o líder entre as 33 legendas e tem quase 200 nomes nessa situação.

Desse total, 79% são mulheres e 59% são negros, índices bem distantes do quadro geral de candidatos no país, que têm apenas 33% de candidaturas femininas e 50% de negros.

Em 2019, o jornal Folha de S.Paulo revelou que o então nanico PSL lançou candidatas laranjas em Minas Gerais, onde o partido é controlado politicamente pelo ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, e em Pernambuco, terra de Bivar. A PF investigou os dois casos e indiciou o presidente do PSL e Álvaro Antônio, também denunciado pelo Ministério Público (MP).


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