13/11/2020 às 11h26min - Atualizada em 13/11/2020 às 11h26min

Governo federal sabia do risco de apagão no Amapá há dois anos, apontam documentos

Os órgãos do governo federal responsáveis pelo abastecimento de energia do país sabiam que a subestação SE Macapá, atingida por um incêndio há dez dias, operava acima do limite há cerca de dois anos.

Conforme publicado pelo jornal Valor Econômico, documentos do Ministério de Minas e Energia, do Operador Nacional do Sistema (ONS) e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) demonstram que a subestação não teria condições de religar imediatamente em caso de colapso.

O veículo teve acesso a um destes documentos, que mostra erros ainda no projeto de construção da SE Macapá. O relatório destacava que, além dos três transformadores trifásicos necessários para o funcionamento da subestação, era preciso um quarto transformador, que ficaria de reserva. Em caso de sobrecarga, o quarto transformador entraria em funcionamento.

No entanto, o edital do projeto, que foi contratado pela Aneel em 2008, exigiu apenas que a subestação contasse com três transformadores para “instalação imediata” e que somente houvesse “espaço” para abrigar quatro transformadores.

O apagão que assola o Amapá teve início quando um dos três transformadores da subestação pegou fogo e sobrecarregou o segundo. O terceiro, que era usado como reserva, já não estava funcionando.

Em decorrência do apagão, o Amapá iniciou um rodízio de fornecimento de energia, que tem a duração de seis horas. Diversos protestos eclodiram na capital Macapá, que teve as eleições adiadas.

O Valor Econômico ainda mostra que, em outro documento, de junho de 2018, o ONS chegou a reconhecer a necessidade da instalação de um quarto transformador na SE Macapá.

Além disso, em 2019, o Amapá perdeu uma fonte de geração de energia que suplementava o abastecimento do estado, quando a Aneel autorizou o desligamento da usina termelétrica UTE Santana, no município de Santana, a 17 quilômetros de Macapá.

Por fim, relatórios mais recentes do ONS, que visam ao acompanhamento de “ocorrências e perturbações” no sistema elétrico, mostram que o órgão sabia da indisponibilidade do terceiro transformador da subestação (o reserva).

Segundo o Valor Econômico, o ONS informou que a SE Macapá não operava no limite da capacidade, pois a “carga do Amapá é completamente atendida com dois” deles. A entidade ainda negou o risco de colapso com a falta do terceiro transformador e disse que “estava acompanhando a situação e reportando à Aneel” mensalmente.


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