Assessora de Flávio Bolsonaro (Republicanos) quando o atual senador cumpria um mandato na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), Luiza Sousa Paes confessou que nunca atuou como funcionária do filho do parlamentar e também era obrigada a devolver mais de 90% do salário.
Ela apresentou ao Judiciário extratos bancários para comprovar que, entre 2011 e 2017, entregou por meio de depósitos e transferências cerca de R$ 160 mil para Fabrício Queiroz, ex-chefe da segurança de Flávio e apontado como operador do esquema de desvios de salários. É a primeira vez que um ex-assessor admite o esquema ilegal no gabinete do filho de Jair Bolsonaro.
O Ministério Público (MP) denunciou Flávio Bolsonaro e Queiroz por peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
De acordo com o jornal O Globo, Luiza foi nomeada entre os assessores de Flávio em 12 de agosto de 2011 e permaneceu até 11 de abril de 2012. Depois, foi nomeada em outros setores da Assembleia: na TV Alerj e no Departamento de Planos e Orçamento.
Em depoimento, ela afirmou tinha como obrigação devolver valores referentes a 13°, a férias, ao vale-alimentação e até o valor recebido pela Receita Federal como restituição do imposto de renda. O valor do vale-alimentação, cerca de R$ 80 diariamente, era depositado nas contas dos funcionários da Alerj sem registro ou desconto no contracheque.
A ex-assessora disse, ainda, ter conhecido outras pessoas que viviam situação semelhante à dela, ou seja, nomeadas sem trabalhar. Citou as duas filhas mais velhas de Fabrício Queiroz, Nathália e Evelyn, e Sheila Vasconcellos, amiga da família do policial. De acordo com as investigações, os dados financeiros das três já identificavam que elas tinham devolvido para Queiroz R$ 878,4 mil.